Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Distrito auto-suficiente na produção de energias renováveis

A exploração dos recursos energéticos naturais no distrito de Vila Real levou a sua auto-suficiência, “exportando” para a Rede Eléctrica Nacional. Até ao final do ano, só nas serras do Alto Tâmega, deverão estar instalados 180 aerogeradores e para o próximo ano, o número chegará aos 230. A água e o vento representam, assim, uma espécie de “petróleo verde” do distrito, sendo um dos poucos, a nível nacional, que consegue ser auto-suficiente.

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A nível nacional, Vila Real é o sexto em termos de potência eólica instalada nos seus parques e brevemente deverá subir neste “ranking”. Foi o Governador Civil do distrito de Vila Real, Alexandre Chaves, que avançou, ao Nosso Jornal, esta novidade que já era previsível em 2008, face à potência e ao número dos parques eólicos e mini-hídricas instaladas. Os concelhos do Alto Tâmega e Barroso são os grandes contribuintes energéticos, nomeadamente Ribeira de Pena, Boticas, Chaves, Montalegre e Vila Pouca de Aguiar. Mas, também Vila Real, Mondim de Basto e Valpaços assumem cada vez mais importância. Só no concelho de Vila Pouca de Aguiar existem três parques eólicos construídos e, em breve, haverá mais dois. Neste momento, têm uma potência instalada de 46.000kw e produz uma média anual 120.000w.

Alexandre Chaves manifestou a sua satisfação pela auto-suficiência do distrito na produção de energias limpas e renováveis, salientando alguns concelhos. “O Alto Tâmega tem uma vantagem na exploração dos recursos naturais em relação à maior parte dos municípios. Hoje, só por si, os concelhos do Alto Tâmega produzem energia para abastecer o distrito de Vila Real durante um ano, acabando por ser até excedentário na produção. Tudo isto é muito importante em termos ambientais e uma mais-valia para as autarquias”, sublinhou.

O presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista, salientou, ao Nosso Jornal, a contribuição do seu concelho nas energias renováveis. “Temos o parque eólico de Mairos com uma produção de 3MW, que já seria suficiente para abastecer grande parte do concelho. Porém, há uma outra energia que estamos a desenvolver, que passa por um projecto de biomassa. Chaves terá um papel preponderante, quase único, na capacidade de produção de energia geotérmica aproveitando as águas termais quentes. Há recursos que nos colocam na linha da frente na produção deste tipo de energia, sem descurar a aposta no aproveitamento dos recursos eólicos e hídricos”.

Agostinho Pinto, presidente da Câmara Municipal de Ribeira de Pena, elemento pertencente ao conselho de administração da EHATB – Empreendimentos hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso, abordou a importância que tem tido esta empresa na exploração e valorização dos recursos energéticos naturais do distrito de Vila Real, que tem assumido uma grande parte na produção, principalmente em empreendimentos hidroeléctricos. “No Alto Tâmega conseguimos aproveitar os recursos hídricos para produção de energia eléctrica. Temos várias mini-hídricas (designação para os aproveitamentos hidroeléctricos de potência inferior a 10 Mw) nos principais cursos de água da região e mais recentemente começamos também a aproveitar o elevado potencial que temos na produção de energia eólica. Neste momento, estão a ser instalados parques eólicos em todo o Alto Tâmega, nomeadamente em Vila Pouca de Aguiar, Valpaços, Chaves, Boticas, Montalegre e, também, em Ribeira de Pena onde temos o grande parque do Alvão”.

Em relação à auto-suficiência energética do distrito, Agostinho Pinto lembrou que se está a preservar o ambiente e a contribuir para a riqueza do país. “Estamos a produzir energia eléctrica que não consumimos. Essa mesma energia é adquirida pela EDP que depois faz a distribuição na sua rede, a nível nacional”.

O antigo administrador da EHATB aproveitou para deixar um apelo para a exploração de outros recursos energéticos. “Deve haver um reforço das linhas de crédito para os particulares que pretendem apostar na energia fotovoltaica e solar, que são recursos ainda por explorar”.

Os recursos naturais energéticos significam também uma mais-valia financeira para as autarquias. Nomeadamente, na energia eólica, que por si só, já é bom contributo para os municípios que possuem parques eólicos. Recorde-se que há um decreto-lei que estabelece que do valor total da produção de cada empresa operadora do sector, 2,5 por cento tem de ir parar aos cofres das autarquias, constituindo, assim, uma importante fonte de receita.

Criada em 1989, a Empresa intermunicipal Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso (EHATB) foi pioneira em Portugal no campo das energias renováveis, sendo constituída pelas câmaras de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.

Até final do ano, nos parques eólicos e nos aproveitamentos hidroeléctricos, a EHATB espera “injectar” até aos 107 MW de potência, dirigida à Rede Eléctrica Nacional, REN. Segundo informação da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), a produção de energia eléctrica de origem eólica representou, já em 2008, cerca de 4 por cento do consumo final de electricidade e é expectável que, até 2010, atinja os 15 por cento.

Os distritos com maior potência eólica instalada são Viseu (478 MW), Castelo Branco (409), Viana do Castelo (302), Coimbra (277), Lisboa (225), Vila Real (171), Santarém (152), Leiria (151) e Braga (144).

Segundo dados da Direcção Geral de Energia e Geologia, Portugal deverá chegar a 2016 com um aproveitamento de 70 por cento do seu potencial hídrico”, sabendo-se que tem apenas aproveitado 46 por cento, quando a maior parte dos países tem de 80 a 90 por cento de aproveitamento.

Em 2016, 70 por cento do potencial hídrico do país deverá estar “activo” e em plena produção energética.

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