Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Distrito com três Centro de Meios Aéreos

Pela primeira vez, o distrito de Vila Real fica com três Centros de Meios Aéreos, CMA, do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro, GIPS, da Guarda Nacional Republicana. Depois de Vidago e Ribeira de Pena, outro foi criado no Aeródromo de Vila Real, equipado com um helicóptero ligeiro, um chefe de equipa e mais quatro militares.

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Este novo centro terá como referência de actuação um raio de 35 kms à volta do ponto onde arranca o helicóptero e incidirá sobre os concelhos de Alijó, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e Vila Real, embora possa ser solicitado para outras zonas do distrito. Ou seja, a intervenção dos meios aéreos dos CMA não é estanque. Se o helicóptero de Vidago estiver a intervir em Valpaços, e o de Vila Real estiver empenhado num incêndio em Vila Pouca de Aguiar, por exemplo, e se existir um fogo florestal em Vila Real, pode ser deslocado um outro meio disponível. E, aqui, quebra-se a regra dos 35 km, mas tudo terá de ser coordenado pela Protecção Civil.

A cedência do espaço para a instalação do CMA resultou da colaboração entre a Câmara Municipal de Vila Real, a Protecção Civil Distrital e do Comando Territorial da GNR de Vila Real, cujos homens também tiveram de realizar alguns trabalhos de adaptação nas instalações. Em meios aéreos de combate a fogos, o distrito de Vila Real, além da unidade sedeada no Aeródromo, fica com um outro CMA em Vidago, equipado com um helicóptero médio, 8 militares e duas equipas, e em Ribeira de Pena haverá disponível um helicóptero ligeiro, uma equipa e cinco militares.

O tenente Jorge Barbosa, comandante interino da 5.ª Companhia do GIPS do distrito de Vila Real, abordou, ao Nosso Jornal, a acção do efectivo prevista para esta campanha de fogos de Verão, que funciona autonomamente de outros de índole de protecção civil, mas sempre numa óptica de colaboração com outras instituições ligadas também ao combate de incêndios.

“Além destes meios, temos sempre as patrulhas terrestres a apoiar as aeronaves. Um helicóptero ligeiro tem uma equipa terrestre, um helicóptero médio tem duas patrulhas terrestres. Em Vila Real, a patrulha é composta por 74 militares, sendo 5 administrativos e 69 operacionais. Desses, 60 estão distribuídos por esses 3 pelotões, sendo que o maior efectivo está em Vidago, que funciona com um médio, logo tem uma secção constituída por duas equipas. Vila Real tem um pelotão. Permanentemente temos sempre uma equipa para o helicóptero, e uma outra terrestre, com viatura para apoiar o aparelho e, ainda, uma equipa de “folga” pronta a entrar em acção.”

Segundo este militar, o início da instalação do CMA de Vila Real começou em 13 de Junho, sendo que o aquartelamento foi montado em Justes, numa escola que estava desactivada. “Essa escola foi adaptada para o funcionamento interno, é onde estamos durante a noite com todo o efectivo concentrado. Durante o dia temos uma equipa terrestre que para além de fazer o patrulhamento normal, está também dirigida para onde for deslocado o helicóptero. Desde as 9 horas da manhã, o helicóptero está pronto para intervir, mas se houver um estado de alerta especial poderá actuar a partir das 8h00 e actuar até mais tarde, desde que haja condições de luminosidade. A nossa unidade em Justes faz também a prevenção nocturna. Durante a noite estamos sempre preparados para intervir, basta apenas a activação por parte do Centro Distrital de Operações de Socorro”, sublinhou Jorge Barbosa.

Para conhecimento dos pontos de água da área, já foram feitos contactos com a Câmara de Vila Real. “Uma das funções da nossa patrulha terrestre é detectar também pontos de água e fazer um relatório do seu estado. Se é acessível somente a equipas terrestres, se é acessível a equipas helitransportadas. O nosso serviço é feito com material sapador. O helicóptero de Vila Real tem um balde que leva cerca de 700 litros de água”.

Embora sabendo-se que Vila Real tem muitos meios, com várias equipas de sapadores florestais, duas corporações de bombeiros, “a decisão de criar, pela primeira vez, em Vila Real, um CMA foi uma medida racional e correcta estrategicamente por parte do Governo”. A localização do Aeródromo e a posição geográfica de “charneira” entre a parte Sul do distrito de Vila Real e zona Norte do distrito de Viseu, no apoio a outros concelhos da região, valoriza a sua existência.

A qualidade das aeronaves mobilizadas para a campanha dos fogos e afectos aos três CMA’s é melhor. “Este ano, os helicópteros são mais modernos, estão em melhor estado de conservação e são mais ágeis em termos de operacionalidade”. O aparelho de Vila Real é da Helisul, o de Vidago da HeliPortugal, e o CMA de Ribeira de Pena possui um helicóptero de uma empresa estatal, a EMA.

Numa antevisão daquilo que poderá ser a época de incêndios, este militar mostrou alguma apreensão. “Este ano pode ser complicado. Por agora está normal, porém, coincidência ou não, a partir do momento que haja maior fluxo de emigrantes e que comecem as colheitas de cereais irá, com certeza, disparar o número de ignições. Este ano, de Janeiro a 22 de Junho temos tido muitas ocorrências. Só em intervenções no combate a fogos, registamos 261. Destas, apenas sete ocorrências não foram extintas em noventa minutos. Contudo, a nossa grande preocupação são os incêndios de dimensões consideráveis. A carga dos combustíveis (material lenhoso e arbustivo) está a ficar pesada, os acessos ficam cada vez mais condicionados e dificultados, pelo facto de muitas pessoas já não trabalharem na agricultura. Tudo isto vai levar a uma época mais difícil. Há ainda zonas que há muito tempo que não ardem e prevê-se um Verão muito quente. Juntando a isto, a humidade relativa que vai cair drasticamente, vamos ter algumas dificuldades, mas estamos prontos para isto. Penso que os meses de Julho e Agosto terão picos elevados de ocorrências, mas vamos aguardar. Agora, já estamos a funcionar a 100 por cento e não houve nenhuma ocorrência sem sucesso”.

Para já, o CMA sedeado no Aeródromo de Vila Real tem previsto o seu funcionamento até 15 de Outubro.

 

 

 

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