VTM —"Porque morreram Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa" é o mais recente trabalho em livro, da autoria do jornalista/investigador, Luís Costa Ribeiro, e que dentro de dias será colocado à venda. A exemplo de "Quem matou o Padre Max", já editado, quase 40 anos depois deste atentado surge este livro. O porquê do fascínio por estas investigações?
LCR – A investigação a este atentado teve duas vertentes. Primeiro, grande vontade, depois foi parar a uma caixa de papelão, de onde o desenterrei há um mês. Não investigo só estes temas. Dos meus 23 livros encontra-se de tudo, incluindo, talvez o meu melhor livro, "Carta à minha neta Vitória".
Mas, porquê agora? Sentiu que o processo estava acomodado?
Há muito tempo que eu sabia quem tinha executado o atentado. E julgo que as autoridades também. Para mim existiu alguma cobardia por parte da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia da República. Eles tiveram tudo para poder deslindar o projeto. Pura cobardia, ficaram calados.
Como podem morrer dois governantes de um país e ninguém é preso. O processo vai morrer assim?
Não sei. Nesta altura há um dado novo neste processo. É que os americanos querem fazer do livro um filme, alongando-o para incluírem a simulação dos aviões americanos a carregarem e descarregarem armas, de Portugal para o Irão. Estamos a negociar. Será um filme bilingue, com atores e atrizes portugueses e americanos.
Existem atores e atrizes em Vila Real com capacidade para esse projeto?
Se eu me virasse para Vila Real para recrutar atores, apenas dois estariam a esse nível: nomeadamente o Silvano, da Filandorra, e o Castelo Branco. Mas existem bons atores em Lisboa que eu conheço bem. Eles irão atuar com latex, que lhe vai moldar as faces.
Porque morreram Francisco Sá Carneiro e Amaro da Costa?
Boa pergunta. O atentado era dirigido à pessoa do ministro da Defesa, Amaro da Costa. A razão do atentado tinha a ver com as investigações que o ministro fazia sobre o tráfico de armas para o Irão e para a Guatemala e o Fundo do Desenvolvimento do Ultramar (uma espécie de saco azul). Isto visava Amaro da Costa. A inclusão de Sá Carneiro na viagem, foi estar na hora errada, no local errado; ter conversado com a pessoa errada; e por estar rodeado de traidores dentro do seu próprio partido.
Mas o crime teve operacionais bombistas?
Só há seis meses, falei casualmente com um agente secreto internacional, que me falou da segunda bomba, acionada por controle remoto, e de uma cassete de áudio, gravada pelo homem que colocou a bomba com controlo remoto no Cessna. De resto é tudo muito simples e claro: quem mandou matar foi Frank Carlucci; a parte operacional foi dirigida pelo "Assassino Americano" Frank Sturgies e dos seus assalariados.
Também portugueses?
Essencialmente portugueses. Fernando Farinha Simões, José António dos Santos Esteves, Paulo Cardoso e Carlos Miranda (este que aparece aqui com este nome, mas que é o mesmo que matou o padre Max), Sanin Lee Rodrigues e o "eletricista".
Contou com apoios para este livro, governamentais ou da autarquia?
Já estou habituado a fazer livros sem apoio. Não, do governo, nem pedi. Da Câmara Municipal de Vila Real há uma coisa que eu quero: distância.