O Presidente da Câmara da Régua não deita a toalha ao chão, exigindo o Serviço de Urgência Básica para o Hospital D. Luís I. O autarca considera que os serviços de emergência do Hospital de Vila Real estão numa situação de “caos”, pelo que não constituem uma boa solução.
Cerca de duas mil pessoas, na tarde de Domingo, protestaram, nas ruas da Régua, contra o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital D. Luís I. À frente da concentração que começou na Avenida de Ovar estavam os Presidentes das Câmaras Municipais de Peso da Régua, Nuno Gonçalves, e de Mesão Frio, Marco Teixeira, acompanhados, na “linha da frente”, entre outros, pelo Padre Luís Marçal, da Liga dos Amigos do Hospital de D. Luís I, e António Serafim, responsável, pela Comissão de Utentes da mesma unidade hospitalar. Também populares dos concelhos de Mesão Frio e de Santa Marta se incorporaram na acção de protesto. O desfile ficou marcado pelo toque da sirene dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, atitude solidária para com os manifestantes. Os populares dos três concelhos exigem, também, o Serviço de Urgência Básica para o Hospital D. Luís I. O Presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua, Nuno Gonçalves, era a voz da contestação: “A luta vai continuar e não pára, porque estamos a lutar por direitos que, no fundo, devem ser implementados. Este Serviço de Urgência Básica é um direito da população. Não se pode ignorar 50.000 utentes que ficarão mais mal servidos, se não houver este Serviço de Urgência. 18% da população ficará a mais de uma hora de um qualquer atendimento emergente”.
Confrontado com a solução do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes, o autarca não acolhe, de bom grado, tal solução: “Vila Real, de facto, não é uma boa solução. Até porque, em termos de emergência, está numa situação de caos! Em breve, entrará em ruptura, se, porventura, os doentes do Hospital D. Luís I vierem a cair lá. Para isso, devem ser instalados mais meios humanos que nos faltam aqui. Os meios físicos já existem. Se eles ficarem em Vila Real, porque não colocá-los na Régua, numa política de proximidade?”.
À margem desta manifestação, existem, também, os ecos de uma “guerra política”, entre o PSD e o PS, tendo os socialistas acusado o autarca da Régua de partidarizar a questão das Urgências, facto que o Presidente da Câmara Municipal da Régua, Nuno Gonçalves, repudiou: “Não podemos aceitar um protocolo, com o qual não concordamos. Estamos num país livre e democrático e não concordar é um direito que nos assiste. Temos o direito de dizer que não, ao Ministro e ao Partido Socialista que me acusou de estar a radicalizar o discurso, quando apenas estou a defender os interesses da população. Desde o princípio que mantive a minha posição. Fizemos um estudo que prova que deveria ser instalado um Serviço de Urgência Básica, no Hospital D. Luís I. É por isto que nós lutamos, desde o princípio. E não é radicalizar, nem politizar. Nós não mudamos as atitudes, consoante o Governo seja ou não da nossa cor! Quem partidarizou este processo foi o PS, quando, com um comunicado da Federação Distrital, nos chamou de radicais!”.
Segundo uma fonte da Câmara Municipal da Régua, “o Governo, durante a semana que antecedeu a manifestação, atribuiu Unidades Móveis de Saúde a Mesão Frio e a Santa Marta”. Acresce-se que o Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, socialista, esteve ausente da marcha de protesto.
Entretanto, não se confirmou o encerramento, no Domingo, das Urgências do Hospital de D. Luís I. Ao que apurámos, “ainda não é para já”.
José Manuel Cardoso