Localização, iluminação e conservação deficiente das passadeiras conjugadas com a falta de responsabilidade dos condutores e o descuido de peões, são os ingredientes para uma problemática “preocupante” em Vila Real: os atropelamentos. Anualmente, os números da sinistralidade rodoviária são manchados por cerca de uma centena de atropelamentos, estatística que começará a ser contrariada com o recurso à sensibilização da população e à recuperação das faixas de passagem dos peões
Depois do atropelamento que, no dia 11, na Rua Miguel Torga, em Vila Real, resultou em dois feridos com alguma gravidade, registaram-se mais dois acidentes do género, em Valpaços e Chaves, no dia 12, que provocaram ferimentos em mais dois vila-realenses. Uma realidade do distrito vila-realense que, desde Janeiro do ano passado até à semana passada, foi palco de 115 atropelamentos.
“Se, por um lado há acidentes em que os condutores são responsáveis, não é menos verdade que também os peões não são cumpridores das regras que lhes garantem a segurança”, explicou António Lopes, representante do Governo Civil de Vila Real, na Alta Autoridade para a Segurança Rodoviária (AASR).
Segundo as estatísticas da Direcção Geral de Viação (DGV), registaram-se, em 2004, 115 atropelamentos que resultaram em duas mortes e em ferimentos em mais de uma centena de pessoas. No ano de 2005, o número de atropelamentos foi reduzido a 90, mas em contrapartida, o número de pessoas que perderam a vida neste tipo de acidentes triplicou. Em 2006, os valores voltaram a decrescer, com a DGV a contabilizar 80 atropelamentos que resultaram em três vítimas mortais, 14 feridos graves e 69 ligeiros.
Desde Janeiro, segundo dados da Polícia Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana de Vila Real e o do Centro de Distrital de Operações de Socorro, já ocorreram mais de três dezenas de atropelamentos
Apesar da redução, António Lopes sublinhou que este tipo de acidentes continua a “manchar” as estatísticas da sinistralidade em Portugal. “Se retirarmos o número de vítimas de atropelamentos, ficamos na média europeia no que diz respeito à sinistralidade rodoviária. São os atropelamentos que desequilibram os números”, explicou ao Nosso Jornal o mesmo responsável.
Para além dos automobilistas, que devem reduzir a marcha junto das passadeiras, e dos peões que devem atravessar sempre nas zonas adequadas e certificando-se que o podem fazer em total segurança, também as condições das faixas próprias para circulação dos peões entre os passeios do distrito são alvo de fortes críticas. “Falta de iluminação, má localização e desgaste” são as principais problemáticas enumeradas por António Lopes que deixou um apelo para que as Autarquias do Distrito reestruturem os mapas das passadeiras e melhorem as suas condições e sublinhou como “bom exemplo” o trabalho já desenvolvido pelo município de Chaves que procedeu à iluminação das zonas de travessia de peões.
O representante vila-realense na AASR adiantou ainda que o Governo Civil irá avançar, em breve, com uma forte campanha de sensibilização da população para esta problemática rodoviária que, embora ainda não avance com actividades em concreto, revelou que a ideia, a concretizar em parceria com autarquias e a Direcção Regional de Educação do Norte, poderá passar pela realização de um dia dedicado a esta temática. “Queremos mobilizar Autarquias e escolas na sensibilização sobre o comportamento dos peões”, referiu António Lopes.
Ficam os conselhos: Atravesse sempre nas passadeiras e assegure-se de que, de facto, não vêm carros e, se caminha à noite, utilize sempre elementos reflectores (como, por exemplo, um colete).
Maria Meireles