Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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“Escola de Sabores” vai despertar os sentidos para os vinhos

É uma iniciativa inédita na mais antiga região demarcada de vinhos do Mundo. O projecto chama-se “Escola de Sabores” e vai abranger milhares de crianças e jovens dos vários graus de ensino, tendo como objectivo ensinar, estimular e desenvolver a sensibilidade aos aromas e sabores, e a caracterização dos mesmos. Tudo isto com o propósito de ensinar a provar e apreciar os vinhos da região. A iniciativa é da Confraria dos Enófilos da Região Demarcada do Douro que pretende colocá--la em prática já no primeiro trimestre de 2011.

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José António Tojeiro, Mestre Procurador, adiantou, ao Nosso Jornal, esta acção incluída em várias que a Confraria pretende levar a cabo. “Em relação aos projectos da Confraria dos Enófilos da Região Demarcada do Douro temos alguns inovadores e pioneiros a nível nacional. Um deles pretende levar às escolas equipas técnicas que irão despertar e estimular as potencialidades organolépticas das crianças e jovens naquilo que será o saber cheirar, provar e apreciar, os aromas, as cores e os sabores. Obviamente, não iremos levar vinhos para os nossos jovens, não é esse o nosso objectivo, pretendemos apenas que eles tenham contacto com soluções aquosas e cheirinhos, como aqueles com que confrontados no seu dia-a-dia, por exemplo os cheiros das frutas, gelados, chicletes, etc. Uma coisa é saber que está a comer um gelado de banana, outra é estar na presença de um aroma e a criança saber que é banana. No fundo, pretendemos que os alunos memorizem cheiros e sabores” . Contudo, esta iniciativa não é inocente e tem uma perspectiva pedagógica para o futuro, mas nunca a favor de comportamentos que possam levar ao consumo desregrado de álcool. José António Tojeiro explicou as razões da iniciativa e o seu outro objectivo a perseguir. “Não diria que é uma iniciação à enologia, mas algo parecido, para despertar algumas sensibilidades. Desta forma, no futuro, quando estas mesmas crianças forem maiores de idade vão ser mais exigentes, vão ser mais conhecedores e vamos habituá-las a saber provar e a beber, tal como ensinamos os nossos filhos a pintar e a cantar. Penso mesmo que esta tarefa deveria ser da responsabilidade do Ensino e não da nossa Confraria. Mesmo assim, é um desafio aliciante, onde contamos com a ajuda de várias entidades, nomeadamente com a comparticipação da Fundação EDP”.

O Projecto da Confraria vai chamar-se “Escola de Cheiros e Sabores”. Nele serão integradas todas as escolas do território vinhateiro duriense demarcado, desde o 1º Ciclo do Ensino Básico ao Secundário e mesmo Universitário. Outro passo importante, para este projecto inédito, irá passar pela constituição das equipas que irão percorrer a região, com conhecimentos nesta área específica.

O Mestre Procurador da Confraria sublinhou, ao Nosso Jornal, que esta iniciativa surgiu como uma forma “de apelo à descoberta dos sentidos, que normalmente estão adormecidos, mas que, depois de desenvolvidos, as pessoas serão capazes de apreciar regradamente um bom vinho, de preferência da região duriense”.

“No futuro vamos ter resultados positivos. Estas mesmas crianças, quando tiverem 18 ou 19 anos, irão saber distinguir o que é bom do que é mau. Ou seja, queremos que os nossos filhos e netos seja melhores consumidores e que optem sempre pela qualidade e não pela quantidade. Este é, de facto, o nosso propósito”.

José António Tojeiro lembrou que esta iniciativa pretende ser alargada a outros organismos. “Todos as instituições do Douro têm de olhar para nós como parceiros fundamentais e integrantes desta região. Apesar de termos boas relações com todas as instituições durienses, infelizmente não somos muitas vezes apoiados como gostaríamos”.

Neste momento, a iniciativa “Escola de Cheiros e Sabores” da Confraria dos Enófilos da Região Demarcada está em negociações com a Fundação EDP. “Nós temos o projecto pronto para ser apresentado definitivamente à EDP. Ainda está a ser trabalhado de uma forma formal mas esperamos que em meados do novo ano lectivo, ou seja, no primeiro trimestre de 2011, o possamos levar às nossas escolas e concretizarmos esta nossa ideia”.

À parte deste assunto, José António Tojeiro realçou o facto de iniciativas como esta poderem juntar na mesma mesa dois sectores divergentes na região, como são a produção e o comércio. “A Confraria está no bom trabalho, na tentativa de ser a mediadora entre a produção e a exportação. São guerras antigas que nunca mais acabam. Os interesses são diferentes, quem produz não tem o mesmo interesse daqueles que exportam. Portanto, neste caso, nós temos feito um trabalho meritório na defesa de ambas as partes, tentando partir o gelo que existe entre as duas profissões”.

A Confraria dos Enófilos da Região Demarcada do Douro foi fundada em Setembro de 2000 e tem como objectivo a exaltação da Região Demarcada do Douro e dos seus preciosos vinhos.

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