A Junta Regional de Vila Real do Corpo Nacional de Escutas (CNE) está empenhada em fazer crescer o movimento no distrito através da fundação de novos agrupamentos, entre os quais o de Sabrosa, o único concelho onde o movimento mundial não está representado.
Alice Guedes, que recentemente tomou posse enquanto chefe regional de Vila Real, explicou que a prioridade da associação é, obviamente, continuar a “apostar nos jovens” e conseguir uma maior aproximação às comunidades.
“O CNE é uma proposta que nos tempos atuais é importante pela forma como está organizada, é uma proposta de complemento à escola e à família, pelos valores e pela forma atrativa como cativa os jovens”, explicou a nova responsável, referindo que a junta regional tem conseguido apresentar bem essa proposta e por isso se tem desenvolvido muito o escutismo nos últimos anos, contando mesmo com um crescimento efetivo significativo comparativamente a outras regiões do interior e apesar das condicionantes sociais, como a desertificação e a quebra na natalidade.
Atualmente, o distrito de Vila Real conta com 21 agrupamentos dos quais fazem parte mais de 1.400 escuteiros, sendo que Sabrosa é o único concelho onde o movimento não está representado, pese embora já tenha sido um dos primeiros a abraçar, há muitos anos atrás, o escutismo.
Alice Guedes explicou que com o arrancar de um novo mandato na Junta Regional, serão trabalhadas estratégias com vista a “lançar as sementes” para a criação de um novo agrupamento em Sabrosa, mas também em outros municípios onde o CNE já está representado mas que precisam de um reforço através de um novo grupo.
Fazer passar a mensagem de que o escutismo “é um movimento contrário ao individualismo e promove as ligações interpessoais, que estão na base dos principais valores da sociedade, como a amizade, a solidariedade, os valores da família, da unidade, do trabalho em conjunto”, torna-se assim mais importante. Nos escuteiros “aprendemos a estar em grupo, a conhecer as pessoas, a ler os rostos, os olhares, aprender a comunicar de uma forma expressiva”, testemunhou a chefe regional, realçando também a vertente ativa, física e de contacto com a natureza do escutismo.
Enfermeira de profissão, com 42 anos e quase trinta com o lenço ao peito, Alice Guedes explica que a experiência enquanto escuteira está, “sem dúvida”, na base da sua formação pessoal e é “uma mais-valia para a sua vida profissional”, principalmente no que diz respeito à relação com as pessoas.
No escutismo os jovens “aprendem a integrar-se socialmente, aprendem a ocupar um lugar na sociedade e a trabalhar para ela. Aprendem a traçar objetivos e metas a longo prazo. Não se aprende a adquirir as coisas no imediato, mas sim a trabalhar objetivos, passo a passo, de forma a consegui-lo na plenitude”, explicou a chefe regional.
“Albergue Escutista” vai nascer em Vila Real
Um dos projetos que deverá ganhar vida nos próximos três anos é a criação em Vila Real de um “Albergue Escutista”, um novo conceito que permitirá que escuteiros de todo o país tenham uma residência, a custos reduzidos, enquanto estudam ou trabalham na capital de distrito.
O projeto, que já começou a ser idealizado pelo anterior executivo, pretende transformar a atual sede da Junta Regional, localizada no Bairro da Araucária, numas instalações com as condições necessárias para servir de morada a jovens escuteiros de outros concelhos ou regiões que venham estudar ou trabalhar na capital de distrito.
De recordar que a ideia “surgiu da consciência das crescentes dificuldades das famílias de escuteiros e de vários pedidos de apoio que a Junta Regional tem recebido nos últimos anos por parte de associados do CNE, que procuram habitações a preços acessíveis em Vila Real”.
Para que a conclusão do albergue seja possível, será necessário encontrar um novo espaço para os serviços da Junta, instalações que Alice Guedes espera que sejam ainda mais centrais de forma melhorar a acessibilidade a todos os que recorrem à Junta e ao Depósito de Material e Fardamento mas também para dar mais visibilidade à associação.
Outro projeto que está em curso tem a ver com o Campo Regional de Atividades Escutistas, no qual a Junta Regional pretende apostar em força. “É um espaço localizado entre o Alvão e o Marão, potenciador de atividades de natureza e onde os nossos jovens podem apresentar na prática o escutismo, a viver em comunhão com a natureza, a superar problemas e a ver cada obstáculo como uma possibilidade”, explicou a chefe regional.
Relativamente ao Campo Regional, a ideia passa por dotá-lo de ainda melhores condições, para que seja possível acantonar no inverno e promover ações de formação nas mais diversas áreas.