É preciso recuar mais de 25 anos para perceber como tudo começou. Maria de Fátima Pereira conta que “nessa altura, a câmara de Alijó queria avançar com o saneamento básico na aldeia, mas ninguém cedia terreno”.
Era preciso um pedaço de terra “com nível suficiente para fazer descer as águas. O meu pai acabou por chegar a acordo com a autarquia”, longe de imaginar que hoje “o mau cheiro e os mosquitos são uma constante”.
Atualmente, o terreno “está dividido em três, uma parte de cada irmão. Foi assim decidido depois do meu pai falecer”.
“Estamos a falar de um terreno com uma área total na ordem dos 10.000 m², onde foram implementados dois grandes poços. Essa parte pertence a um dos meus irmãos. Os tubos do saneamento passam na minha parte e agora não posso usufruir do terreno, porque há lá uma poça com água que passou de cristalina a crude”, explicou Maria de Fátima, à VTM.
Desde 2016 que tem vindo a alertar a Câmara Municipal e a União de Freguesias de Pópulo e Ribalonga, mas até agora “nada foi feito”. “Sei que uma engenheira foi ao terreno ver o que se passava, mas acho que não chegaram a fazer nada. Pelo menos eu não fui informada”.
No verão do ano passado, o calor intensificou o mau cheiro e os mosquitos aparecerem em força, e “decidi marcar uma audiência com o senhor presidente da Câmara, que me prometeu que iria resolver a situação até ao final do ano. Certo é que estamos em março de 2020 e o problema continua por resolver e não posso tirar proveito do terreno”, esclarece Maria de Fátima.
“Estamos perante um problema de saúde pública. Que garantias tenho eu de que aquilo que ali plantar não será prejudicial para a saúde? É porcaria por todo o lado”, elucida.
Maria de Fátima Pereira já contactou a DECO, que a aconselhou “a elaborar uma exposição para enviar ao senhor presidente da câmara, uma vez que, quando fui recebida por ele, não entreguei qualquer reclamação por escrito”.
O próximo passo, garante, “é entrar em contacto com a minha advogada e avançar com uma queixa na Delegação-Geral de Saúde e no Ministério do Ambiente”.
SITUAÇÃO VAI SER RESOLVIDA
José Paredes, presidente da Câmara Municipal de Alijó, disse à VTM que “temos conhecimento da situação e, realmente, há um problema com as fossas céticas e foi prometida uma intervenção até ao final de 2019”.
Contudo, após uma visita ao terreno, “verificámos que a única solução passa por construir uma ETAR biológica compacta, eliminando a fossa atual, que colapsou”.
A ETAR começará a ser construída “logo que toda esta questão em torno da pandemia da Covid-19 nos permita, na parte de terreno que pertence ao irmão da dona Maria de Fátima, com quem já chegamos a acordo”.
“Gostaria muito de ter a situação resolvida ainda este ano para que a dona Maria de Fátima possa usufruir do seu terreno”, concluiu o autarca.