Ateliers de leitura, música e teatro, acções de promoção para a saúde, ioga e meditação, aconselhamento profissional e cursos de socorrismo, são algumas das actividades que 14 voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa têm vindo a desenvolver no Estabelecimento Prisional de Vila Real, através de uma parceria que foi formalizada, no dia cinco, com a assinatura de um protocolo de cooperação entre as duas instituições.
“Já trabalhamos com a Cruz Vermelha há cerca de 12 anos. Mesmo sem protocolo sempre tivemos o apoio dos seus voluntários”, explicou Maria Assunção Machado, directora do Estabelecimento Prisional.
Actualmente com 74 reclusos (mais 14 que cumprem as suas penas apenas ao fim-de-semana), a maior parte dos quais em Prisão Preventiva, o Estabelecimento Prisional vai assim dar continuidade a um conjunto de acções que vão desde cursos de socorrismo a aulas de ioga, passando por acções de dinamização da sua biblioteca e do jornal e a recolha e distribuição de bens, essencialmente vestuário e calçado, entre muitas outras iniciativas que envolvem 14 voluntários e têm como objectivo essencial dar resposta a um dos “princípios basilares dos serviços prisionais”, proporcionando condições e ferramentas para que os reclusos desenvolvam competências que facilitem a sua reinserção na sociedade.
António Dias Vieira, presidente do núcleo de Vila Real da Cruz Vermelha, acredita que as actividades vão permitir que os reclusos “apreciem a liberdade” ao mesmo tempo que permitem que, cumprida a pena, “eles saiam sabendo que direcção tomar”.
“Este é um projecto internacional que a Cruz Vermelha iniciou em 2006 e que apoia actualmente mais de 10 mil estabelecimentos prisionais, em 71 países, envolvendo cerca de 300 mil presos”, explicou o mesmo responsável, revelando ainda que a Cruz Vermelha Portuguesa assumiu a parceria com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais no ano passado, tendo já assinado o protocolo de cooperação 28 estabelecimentos prisionais de Norte a Sul do país.
Mais, o núcleo de Vila Real ambiciona, já a partir do próximo ano, alargar o apoio às famílias dos reclusos que, em muitos casos, por ficarem privadas do rendimento de um dos seus membros, passam por grandes dificuldades económicas.
Segundo Maria Assunção Machado, o Estabelecimento Profissional mantém parcerias com outras instituições, sendo de realçar o trabalho desenvolvido pelo Centro de Formação Profissional de Vila Real que tem ministrado vários cursos aos reclusos. Vocacionado essencialmente para presos em prisão preventiva, segundo a mesma responsável, foi possível transferir para o estabelecimento vila-realense 18 reclusos que estão a frequentar um curso de formação em pintura de construção civil, com duração de um ano e meio. “As instalações precisavam de uma remodelação, por isso, além de serem formandos, com direito a uma bolsa, os reclusos estão a trabalhar na remodelação das celas”, explicou.
Ao frequentar os cursos do Centro de Formação, os reclusos ganham a equivalência ao nono ano de escolaridade e vêem a sua inserção no mundo do trabalho facilitada, sendo de realçar que, no que diz respeito aos reclusos do concelho de Vila Real, verifica-se que 99 por cento dos reclusos conseguem emprego quando terminam a pena, um grande número fica mesmo a trabalhar nas empresas em que estagiaram.