Vivemos tempos complicados, onde isolamento é a palavra chave. No caso da Igreja, e em particular a diocese de Bragança-Miranda, como está a ser encarada esta situação de pandemia?
Com muita preocupação e maior ocupação. Em cada dia, procuro ser servidor da esperança em Jesus Cristo. Sim, estamos confinados em casa e as celebrações são à porta fechada, mas não isolados ou indiferentes. Estamos juntos e caminhamos juntos com o povo que nos foi confiado na coragem e na confiança.
Estamos numa região onde há muita população idosa. Como é que os padres das paróquias com fiéis mais velhos se têm adaptado a tudo isto?
Os mais velhos são a nossa grande solicitude e atenção diária. Acompanhamos todos os dias na oração e no serviço silencioso a situação do nordeste transmontano, especialmente as IPSS’s católicas (83) através dos párocos, da UDIPSS, das Autoridades Civis, das Forças da Segurança e da Saúde.
A Páscoa este ano foi, claramente, diferente. De que forma decorreram as celebrações?
A celebração da Páscoa é sempre memorável, mas desta vez muito mais marcante e inaudita. As celebrações do tríduo pascal e do tempo pascal acontecem na sua beleza e dignidade, embora com a dor no coração de ainda não podermos reunir a assembleia. Desejamos que a Páscoa nos faça passar a novas etapas de humanidade e de fraternidade. Foram encontradas muitas formas de criatividade pastoral possíveis no desejo de chegar a todos.
O senhor Bispo tem vindo a acompanhar o trabalho de algumas instituições junto de população mais vulnerável à covid-19. Que visitas são estas e o que é que tem testemunhado?
A caridade, o amor em constante saída, faz parte da íntima natureza da igreja e do ser cristão e, por isso, do Bispo. Acompanho todos os dias com a solicitude, informação e comunhão possíveis. Acompanho especialmente a Cáritas Diocesana e 2 ou 3 vezes por semana saio com a equipa a partilhar as refeições no serviço gratuito aos mais velhos e aos que mais precisam. Estamos já a ajudar novas famílias e alguns estudantes internacionais que sofrem com esta crise provocada pela pandemia de covid-19.
Disse, há dias, que estamos todos juntos nesta batalha. Na sua opinião, o que é que este tempo de isolamento vai mudar nas pessoas?
Estamos juntos e caminhamos juntos. Bom seria que esta pandemia viral nos transformas-se numa pandemia para sermos mais humanos, mais irmãos e mais cristãos. Seria bom que fossemos, como sublinhou S. João Bosco no seu sistema educativo preventivo: “bons cristãos e honestos cidadãos”.
Para terminar, pedia-lhe que deixasse uma mensagem aos mais e menos crentes, nesta época em que estamos privados de manifestações de afeto.
Coragem e confiança! A alegria do evangelho experimenta-se quando nos sabemos imensamente amados por Deus. Deus ama-te imensa e inteiramente.