Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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Estudo de impacto ambiental “inundado” de críticas

“Documento considerado como pouco fiável e demasiado pobre”, foram as críticas mais ouvidas ao Estudo de Impacto Ambiental, EIA, referente à construção dos quatro empreendimentos hidroeléctricos do Alto Tâmega.

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Na sessão que juntou no Auditório do IPJ em Vila Real, a Agência Portuguesa do Ambiente, APA, Iberdrola, autarcas, associações e população, ficaram muitas dúvidas no ar quanto ao efeito das várias barragens.

O presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, não gostou do que ouviu e viu sobre o EIA. O autarca que é também o responsável máximo em exercício dos Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso, EHTB, sugeriu mesmo a substituição do documento apresentado. “É evidente que o estudo apresentado é demasiado pobre para que se possam executar os empreendimentos com tantos impactos no Alto Tâmega. Neste momento, a melhor solução passava pela retirada deste estudo e apresentar um outro mais credível, suspendendo mesmo a execução destes projectos, tal como nos foram apresentados”.

Domingos Dias adiantou ainda que a EHTB fica na expectativa. “Sustentando que o estudo não avalia correctamente a implicação da alteração dos solos e a criação de lençóis de água que poderão afectar os ventos e isso poderá ter alterações ao nível da energia eólica, que é uma das fontes de rendimento da empresa”.

“No Estudo de Impacto Ambiental não foi avaliado correctamente se a Barragem de Padroselos é ou não executada. Se for executada, o nosso empreendimento de Bragadas, que é o melhor que temos, fica completamente destruído, mas, se não for executado, a barragem de Daivões vai afectar o local de produção da barragem de Bragadas”.

Amílcar Salgado, membro do núcleo do Alto Tâmega do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega e Pedro Couteiro, da COAGRETE, e alguns docentes da UTAD, ligados à área ambiental e biológica, foram alguns dos intervenientes que defenderam outro EIA, alertando para as consequências que o empreendimento poderá ter na componente ambiental e socioeconómica, nomeadamente na vitivinicultura.

Por sua vez, Paulo Ferreira, representante da Procesl, empresa que levou a cabo o EIA, admitiu que “o estudo tem lacunas”, mas sublinhou que “foi feito um trabalho sério, onde cerca de 40 pessoas andaram no terreno”. No entanto, garantiu que as dúvidas deixadas poderão ser desenvolvidas na fase do Relatório de Conformidade Ambiental.

Confrontado com as críticas, o Administrador em Portugal da Iberdrola, Pina Moura, mostrou-se irredutível quanto à alteração do projecto. “As opiniões adversas não me fazem nem diminuir a determinação, nem catalogar quem quer que seja. Isto está fora de questão. O que nos trouxe aqui foi o cumprimento da nossa primeira obrigação de ouvir as reacções de um conjunto de personalidades que aqui estiveram, autarcas, universitários e cidadãos interessados na sorte dos seus concelhos e das suas localidades. Ouvimos com todo o respeito, tomamos nota e vamos reflectir. Agora, isto não significa um menor empenhamento nas responsabilidades que já assumimos. A Iberdrola investiu, por condições fixadas pelo próprio concurso, 300 milhões de euros para cumprir um caderno de encargos que nos foi fixado pelo Governo português”.

A “cascata” do Alto Tâmega foi adjudicada à empresa espanhola Iberdrola e prevê a construção de quatro barragens. Alto Tâmega (Vidago) e Daivões – ambas no rio Tâmega, e em Gouvães e Padroselos (afluentes). O EIA está em consulta pública até 14 de Abril.

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