A Feira dá a conhecer muita pedra, com especial relevo para os três granitos locais certificados (cinza Pedras Salgadas; amarelo real; cinza Telões), mas também mostra os negócios do tecido empresarial local, produtos regionais, artesanato, atividades promovidas pelo associativismo. A animação musical e cultural não foi esquecida e será assegurada por artistas nacionais e regionais.
Um dos momentos mais aguardados será o “Arrastão da Grande Pedra”, domingo, às 16h00. Nesta iniciativa, vários populares das freguesias do concelho vão unir forças para arrastar uma rocha com mais de 14 toneladas, sendo esta uma forma de “homenagear a pedra rainha da região e destacar a força e a determinação das pessoas do interior”. Para retemperar forças, segue-se uma mega sopa de pedra para os cerca de 700 populares que vão arrastar a pedra transmontana. A feira termina na noite de domingo, mas a festa continua na segunda-feira, com a celebração do Dia do Município, a 22 de junho, que será dedicado ao associativismo com centenas de pessoas a conviver no Alvão.
Na apresentação do certame, a organização realizou uma ação de rua, com uma estátua viva vestida a rigor, com um traje da cor do granito tradicional, que fez as delícias de muitas crianças do pré-escolar que brincaram com a estátua e também tentaram “arrastar a pedra de granito de 14 toneladas, exposta no centro da vila aguiarense. A finalizar houve ainda uma demonstração do jogo do pau, que juntou alunos da universidade sénior.
Granito gera 10 milhões de euros
O setor do granito gera um valor anual de receitas de 10 milhões de euros e emprega mais de 2500 pessoas, direta e indiretamente, sendo o principal impulsionador do concelho de Vila Pouca de Aguiar. “Somos a Capital do Granito, que é um setor muito importante para a economia local. Gera um volume de negócios anual superior a 10 milhões de euros e envolve mais de 2500 mil pessoas na extração, transformação e utilização do granito em diversas áreas”, referiu o presidente da Câmara aguiarense, Alberto Machado, adiantando que, para além de ser o motor da economia local, também contribui em muito para o aumento das exportações nacionais, uma vez que “45 por cento do granito ali extraído e transformado visa a exportação”.
Apesar dos números animadores, a retoma ainda não chegou definitivamente ao setor, uma vez que está demasiado dependente da construção civil. Desde 2011 que se tem sentido quebras significativas nas vendas, sendo que seria de esperar um primeiro trimestre de 2015 com maior volume de negócios, mas a realidade mostra que a recuperação está a ser mais lenta do que era esperado, como nos confirmou Domingos Ribeiro, presidente da Associação dos Industriais do Granito (AIGRA). “Ainda sentimos algumas dificuldades na recuperação do setor, uma vez que tanto o mercado nacional como o internacional tem vindo a sofrer com a falta de obras. No entanto, a autarquia está empenhada em fazer contactos com responsáveis que possam ajudar o setor a entrar em novos mercados e a consolidar outros. Recentemente tivemos a visita de uma comitiva luso luxemburguesa, já estiveram cá os franceses e até os chineses, sendo um veículo importante para conseguirmos colocar a nossa produção nesses países”. O setor continua à procura de novos nichos de mercado e para isso está a convidar os arquitetos para ver de que forma estas “preciosas” pedras podem ser utlizadas nas obras. A crise no setor do granito também foi agravada com a introdução das portagens nas SCUT e o aumento do preço nos combustíveis, que acaba por “ter uma influência significativa nos nossos custos de produção”, sublinha Domingos Ribeiro, sendo que a Europa continua a ser o principal mercado das exportações, devido também ao menor custo com os transporte e a proximidade. Apesar de tudo, os empresários mostraram-se “um pouco mais otimistas” e têm mantido os postos de trabalho e há já alguns que começam a contratar pessoal.