Na sua 12ª edição, o Festival Intercéltico de Sendim, que este ano se realiza nos dias cinco e seis de Agosto, vai ficar marcado pela sua inclusão no Roteiro Europeu de Festivais de Música Folk.
“Trata-se de um prémio para o nosso público, para aqueles que todos os anos fazem muitos e muitos quilómetros para assistir aos espectáculos”. É assim que Mário Correia, do Centro de Música Tradicional Sons da Terra, entidade responsável pela organização do evento, classifica o reconhecimento por parte do Fórum Europeu de Festivais de Música Folk.
Segundo o mesmo responsável, a “fidelização” do público é um dos aspectos mais importantes para o festival, que, ao longo dos anos, conseguiu “consolidar-se”.
Apesar de reunir todos os anos “algumas das bandas/artistas mais conceituados do mundo celta”, o Festival Intercéltico não se faz apenas dos espectáculos, oferece ao público que se desloca à pacata localidade de Sendim todo “um ambiente” único, uma experiência que não seria igual noutra terra. “Não é um festival de rock, é um festival que gente com uma vivência própria, que os faz voltar, ano após ano, quase em peregrinação”, explicou Mário Correia.
Reunindo em cada edição entre quatro a cinco mil pessoas, cerca de 90 por cento do público que participa no festival é de fora da região e durante dois dias anima a localidade de Sendim, que conta com cerca de 800 habitantes.
Apesar de reconhecer que o festival não pode crescer muito mais devido às condições de acomodação dos seus participantes, Mário Correia adianta que gostaria de ver o Parque de Campismo ganhar o estatuto definitivo, o que implicaria a aquisição dos terrenos onde se localiza. “Para que o festival possa crescer em termos de público seria necessário uma acção concertada” entre as forças vivas da região, “seriam necessárias mais camas e melhores acessibilidades”, referiu o mesmo responsável, sublinhando, por exemplo, a importância de garantir a existência de mais pousadas da juventude na região.
“Com a construção do IC5 estaremos a duas horas do Porto, e teremos uma ligação com melhores condições de comodidade e segurança”, lembrou o organizador, sublinhando assim a necessidade de, “num esforço conjunto” de várias entidades, garantir um “desenvolvimento integrado” da região, o que beneficiaria a realização e o crescimento de eventos como o festival de Sendim.
Este ano, o Parque das Eiras vai receber, no dia cinco, “A Barca dos Castiços (Portugal), “Gwennyn” (Bretanha) e Xabi Aburruzaga (Eskadi), e no dia seguinte Né Ladeiras (Portugal), “Altan” (Irlanda) e “Corquieu” (Astúrias).
O cartaz do festival conta ainda com várias actividades paralelas, das quais a organização destaca a actuação de grupos de pauliteiros e gaiteiros, oficinas de danças tradicionais mirandesas e um passeio pela Arribas do Douro, entre outros.
No sábado, o dia vai ficar ainda marcado pela apresentação, pelas 11h30, no Balão Promocional da Adega Cooperativa de Sendim, da tradução para mirandês da obra “Mensagem”, de Fernando Pessoa.
“Como o festival decorre numa zona onde há uma língua minoritária, que é o mirandês, vamos fazer uma homenagem a várias línguas minoritárias europeias, nomeadamente o asturiano, o basco, o gaélico e o bretão”, concluiu Mário Correia.