Na próxima quinta-feira, às 18h00, na Praça do Município de Vila Real, a Filandorra Teatro do Nordeste associa-se à Manifestação Nacional dos trabalhadores da cultura, espectáculos e audiovisual, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), face ao "estado calamitoso" em que se encontra neste momento a cultura em Portugal.
Passados três meses desde que a pandemia mudou a vida dos trabalhadores de espectáculos e do audiovisual, com milhares de trabalhadores a verem os seus rendimentos suprimidos ou drasticamente reduzidos, como é o caso dos trabalhadores desta Companhia, e face ao silencio da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, que nada fez pela cultura teatral, é hora de dizer com clareza o que pretendemos para a cultura no país e no interior em particular, reforçando a coesão nacional.
Depois da reunião no Palácio da Ajuda a 15 de janeiro, na qual a Filandorra expos a difícil situação em que se encontra face a atribuição ZERO de apoio no último concurso nacional da DGartes numa candidatura elegível, agravada agora com a pandemia, até hoje não foi atribuído nenhum financiamento, que a companhia considera merecedora por todo o trabalho realizado e a desenvolver.
Segundo o diretor da Filandorra, David Carvalho, “não fosse a rede de protocolos que temos por parte das autarquias da região, e que neste momento são já 21, já teríamos fechado portas, ou seja, acabaria uma instituição com 34 anos de vida e todo o trabalho desenvolvido com escolas, cidades, vilas, meio rural, representando autores nacionais. Parece-nos que a senhora Ministra atingiu o limite da saturação. Não é capaz de resolver nada. Face a isto, a Filandorra vai integrar o protesto nacional, no dia 4 de junho que ocorrerá em Lisboa, Porto e Faro”.
A Filandorra vai manifestar-se na Praça do Município com uma performance singular. Estará presente todo o elenco, com a indumentária das personagens do Frei Luís de Sousa, espetáculo que estava em digressão e que foi interrompido. Os actores estarão todos atados de pés e mãos e com a sinistra figura da MORTE do MC – Cemitério da Cultura. Estará, também, uma criança, representativa do futuro, lançando flores e serão lidos dois poemas: um de Sofia de Melo Breyner – Pranto deste dia – e outro de Miguel Torga –Sisifo, dois dos autores que fazem parte do reportório da Companhia.
Recorde-se que a Companhia encontra-se em lay-off desde o dia 1 de Abril, aliás como sugerido por escrito pela própria ministra da Cultura em inícios de março, em resposta às preocupações da Direcção da Companhia face à não atribuição de apoio nos últimos concursos de Apoio às Artes.