Sábado, 14 de Dezembro de 2024
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Filandorra divulga “nota de protesto”

No dia em que o país e o mundo ‘aplaudem de pé’ as artes performativas, a Filandorra, companhia que admitiu ter estado perto de anunciar a sua extinção, lançou o alerta sobre as injustiças nos apoios ao Teatro no interior, apontando o dedo à falta de sensibilidade e proximidade do Ministério da Cultura para com as companhias.

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“Faz hoje um ano que foi retirado a esta Companhia mais de 50 por cento do apoio anual com base num erro grosseiro de avaliação por parte da Comissão de Acompanhamento e Avaliação, presidida pela Directora Regional de Cultura do Norte (DRCN)”, recordou David Carvalho, director da Filandorra, referindo que a medida “chegou a por em risco a viabilidade da Companhia”.

Apesar do corte financeiro, que levou a companhia a “suspender contratos de trabalho e a despedir actores, técnicos e administrativos”, o director congratula-se pela Filandorra ter conseguido manter-se de pé, mas sublinhou que, no Dia Mundial de Teatro, não poderia deixar de “alertar” para a falta de apoio que tem vindo a asfixiar o Teatro no interior do país.

Numa “Nota de Protesto” que foi divulgada aos órgãos de comunicação social e enviada a várias instâncias, entre as quais ao Primeiro-ministro, à Direcção Geral das Artes e aos Grupos Parlamentares, David Carvalho lembra os factos que levaram ao corte no apoio concedido à companhia. “Embora não tenhamos cumprido a totalidade de estreias programadas, realizámos ainda assim três estreias por temporada, e mantivemos um conjunto de reportório recorrente contratualizado, com incidência nas peças para público escolar e peças para o público rural, que são uma das dominantes do projecto da Filandorra”, esclareceu o director da companhia, advertindo ainda que a Filandorra, no ano de 2007, “cumpriu o mínimo exigido de produções ou programações, ultrapassando em três vezes o número de representações exigido, facto pelo qual não deveria ter sido objecto de qualquer penalização”.

O mesmo responsável considera que se tratou mesmo de “um erro grosseiro” por parte de comissão de acompanhamento, órgão que nem sequer cumpre o estipulado na lei no que diz respeito à sua constituição, tendo em conta que, ao contrário do que está previsto, não conta com um representante das autarquias.

Apesar de “terem entrado em pânico” e de terem considerado mesmo a “dissolução”, David Carvalho explicou que a companhia resolveu arregaçar as mangas e trabalhar comprovando assim que está longe de ser “subsídio-dependente”. “Algumas autarquias duplicaram o apoio e conseguimos protocolos com outros municípios”, explicou o mesmo responsável, lembrando que a Filandorra tem a maior “Rede Autárquica protocolada do país, com mais de duas dezenas de municípios localizados no Interior Norte”.

“Mais de quatro mil espectáculos, a caminho de um milhão de espectadores em 24 anos a fazer teatro nos palcos da região e do país”, recordou a companhia que, apesar de viver um dos “piores anos da sua história” conseguiu manter a sua “acção de descentralização teatral, privilegiando o contacto com os novos públicos e apostando na formação teatral junto das camadas mais jovens”, exibindo, em 2008, um total de cerca de 250 espectáculos para mais de 67 mil pessoas

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