Vila Verde da Raia é um dos nove pontos de fronteira que está em funcionamento depois do anúncio do ministro da Administração Interna, na passada terça feira, 16 de março, no dia em que Portugal registou a primeira vítima mortal por coronavírus.
Na fronteira do lado português, junto à antiga alfândega, um dispositivo composto por Guarda Nacional Republicana e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras controlou todas as entradas no país pela freguesia flaviense e deu prioridade aos veículos de transporte de mercadorias.
No primeiro dia após o anúncio, e embora sem grandes constrangimentos, muitos foram aqueles que passaram a fronteira, na maioria emigrantes portugueses que, devido à pandemia, foram obrigados a regressar a casa. “A empresa onde trabalho fechou e o patrão mandou-nos para casa”, contou Rui Coelho que, numa carrinha com mais outros oito trabalhadores, viajaram de França em direção para a zona do Minho. Nenhum dos ocupantes trazia qualquer tipo de proteção individual, mas o emigrante garantiu que “não tivemos contacto com ninguém durante a viagem, apenas parámos para colocar gasóleo e no posto de controlo entre França e Espanha”. Noutra carrinha e a caminho de Marco de Canaveses, José Carlos referiu que “a viagem correu bem”, mas a situação “é complicada”, que está “preocupado” e por isso mesmo decidiu voltar para Portugal.
No controlo, GNR e SEF pediram identificação pessoal e documentação das viaturas e questionaram sobre o motivo da viagem. Todos aqueles que resolveram atravessar a fronteira por lazer foram barrados e obrigados a voltar para trás.
Paulo José Alves, também trabalhador em França, regressa a casa por motivos de força maior “alarmado” e “preocupado com a família”. O emigrante confidenciou que “a primeira coisa que vou fazer quando chegar a casa é abraçar os meus filhos que também já estão em quarentena pelo encerramento da escola, e eu vou fazer o mesmo”.
Os pontos de fronteira em funcionamento são Valença-Tuy, Vila Verde da Raia- Verín,Quintanilha-San Vitero, Vilar Formoso-Fuentes de Oñoro, Termas de Monfortinho-Cilleros, Marvão-Valência de Alcântara, Caia-Badajoz, Vila Verde de Ficalho-Rosal de la Frontera e Vila Real de Santo António-Ayamonte.
Para além das fronteiras terrestres foi também suspenso o tráfego aéreo entre Portugal e Espanha, bem com as ligações ferroviárias e as duas ligações fluviais que existem no Minho e no Algarve.