Sábado, 7 de Dezembro de 2024
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Grávidas da região já podem contar com o apoio de uma “doula”

Apoio emocional e afectivo durante o processo de gestação, parto e pós-parto, esse é o principal papel de uma doula, uma mulher com experiência de maternidade que entrega o seu conhecimento sobre o milagre da vida às outras grávidas. Mariana Falcato Simões é a primeira doula da região de Trás-os-Montes.

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No final do próximo mês irá realizar-se, na “BigAsas”, em Vila Real, um workshop denominado “Parir Com Alma”, que tem como objectivo a preparação para um Parto Humanizado, e que está a ser organizado por Mariana Falcato, a primeira doula a exercer nos distritos de Vila Real e Bragança.

Apesar de ainda estar em fase de certificação, o que significa apenas que não pode assistir a partos mas já apoia as grávidas no período de gestação e pós-parto, Mariana Falcato Simões já ajudou cinco gestantes, sensibilizando não só para toda as questões referentes à gravidez e à maternidade, mas também prestando informação sobre as opções à disposição para o momento do parto.

“Nada do que fazemos substitui actos médicos, o trabalho de enfermeiros e parteiras ou o pai”, explicou a doula deixando claro que o apoio é dado ao nível emocional e na procura pelas respostas às dúvidas e receios das novas mamãs.

Mariana Falcato Simões esclarece ainda que, muitas vezes, o serviço prestado pelas doulas é, erradamente, associado à defesa do parto em casa. Na verdade, o que se defende é “a humanização do acto de parir”, o direito de cada mulher de fazer as suas opções relativamente ao momento do parto. “A doula elucida os pais sobre o momento pelo qual estão a passar, dando todas as informações, sempre com base em dados científicos”, garante.

Relativamente à humanização do parto, Mariana Falcato considera que ainda há muito a fazer ao nível do Serviço Nacional de Saúde, um trabalho que, numa primeira fase não passa por grandes investimentos mas por garantir as condições, algumas consideradas apenas pormenores, que garantam os procedimentos que melhor se adequem a cada grávida.

“Há sobretudo muita falta de informação”, explica a doula, referindo que muitas vezes os casais são levados a aceitar a “opção de outros”, ou seja, há cada vez mais um processo de desresponsabilização” dos pais direccionado para os médicos.

A Educadora Perinatal, também mãe de uma menina, explica que o primeiro passo para garantir que o parto seja feito de acordo com as opções da grávida é a elaboração de um plano de parto (durante o qual a grávida deverá informar–se detalhadamente sobre os procedimentos médicos, que variam nos vários hospitais), um conjunto de exigências para as quais a equipa envolvida no momento de parir deve estar sensibilizada. “Temos que exigir o serviço que queremos, reclamar o protagonismo e não nos contentarmos com menos, garantindo assim o esplendor de um parto na sua plenitude”, defendeu.

Em Portugal existem cerca de 50 doulas certificadas e 150 em fase de certificação, mulheres que estão representadas na Associação Doulas de Portugal (ADP), uma entidade que garante a formação científica das suas associadas, bem como estipula e define o trabalho desenvolvido no exercício da profissão.

“Geralmente, a doula conhece a futura mãe durante a gravidez, estabelecendo-se entre elas uma relação de empatia e confiança, importante para o acompanhamento do parto que acontecerá mais tarde. Ao longo da gravidez, a doula ouve os pais acerca dos seus anseios, expectativas e desejos relativamente ao parto, ajuda a esclarecer dúvidas, orienta na busca de informação de qualidade, e sobretudo transmite confiança e tranquilidade no processo do parto à mulher e ao seu companheiro”, explica fonte da associação, referindo ainda que “durante o trabalho de parto, a doula está com a mãe, mantendo uma presença discreta, tranquilizadora e criando uma esfera de protecção à sua volta, assegurando a satisfação das suas necessidades básicas, privacidade, segurança, luz atenuada, redução do uso de linguagem e conforto térmico, favorecendo assim o bom desenrolar do trabalho de parto fisiológico”.

No hospital, segundo a associação, “a doula é um recurso particularmente precioso, pois aí o pessoal médico não tem disponibilidade para prestar assistência personalizada, e o pai muitas vezes não se sente verdadeiramente confortável”, no entanto, em muitas maternidades a sua presença ainda não é aceite.

Segundo Mariana Falcato, a Associação está a tentar desenvolver, à semelhança do que já foi feito noutros países, um estudo nacional, com estatísticas fidedignas, sobre os vários tipos de parto e os respectivos reflexos na vida da criança e da mãe. “Estudos demonstram que a amamentação mais ou menos prolongada, a recuperação da mulher e mesmo o desenvolvimento de depressões pós-parto podem também estar relacionados com o tipo de parto”, explicou.

Os serviços completos de uma doula, inclusivamente a disponibilidade total durante os últimos quinzes dias de gravidez, oscilam entre 200 e 300 euros, podendo no entanto variar muito de doula para doula e de acordo com o apoio prestado.

Mais informações, bem como a listagem das doulas existente em Portugal e o seu código de conduta, podem ser encontrados no site da Associação (http://www.doulasdeportugal.org).

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