Numa cerimónia de homenagem ao português que, no início do século XVI, partiu na primeira aventura à volta do mundo, foram também reconhecidos os seus tripulantes, através da atribuição de medalhas aos vários representantes dos Municípios de onde estes eram naturais. Depois de ter ficado na história da navegação, Fernão Magalhães continua a servir de inspiração, desta feita com o estreitar das relações entre países, povos e culturas, como Sabrosa, terra que viu nascer o navegador.
“Mais do que reivindicar a naturalidade de Fernão Magalhães” o objectivo é a homenagem ao navegador responsável pela “viagem marítima mais importante da História”, garantiu José Marques, autarca de Sabrosa, no dia 23, numa cerimónia presidida por António Braga, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
Depois de recordar a viagem que contou como ponto de saída a vizinha Espanha e que, durante três anos, sob a orientação do navegador português, alterou a geografia mundial da altura, ao fazer a primeira exploração global, José Marques sublinhou o facto de Fernão Magalhães ter tocado tantas culturas e tantas nações.
“Queremos criar uma rede de povos, culturas e lugares ligados à circum-navegação”, frisou o autarca sabrosense, perante um auditório de individualidades como os Ministros dos Negócios Estrangeiros das Filipinas e da Secretária de Estado para a Iberoamérica, do Ministério dos Assuntos Exteriores de Espanha e os Embaixadores do Brasil, Argentina, Chile e Filipinas.
José Marques recordou que, embora recentemente outras localidades portuguesas, nomeadamente Porto e Ponte da Barca, venham reivindicando a naturalidade do navegador, existem “testemunhos da memória colectiva” que indicam que Fernão de Magalhães nasceu no concelho transmontano, daí o empenho da autarquia em levar a cabo um Centro Interpretativo ligado à Rota de Fernão Magalhães.
“Vamos criar um espaço de partilha de culturas, de promoção turística e de forte impacto educativo”, revelou o mesmo responsável, adiantando que “este deve ser um projecto não só do Município, mas da região, do país e da Península Ibérica, um projecto global”.
Contando já com o apoio da associação espanhola “Alcaldes del V Centenário” para o desenvolvimento de projectos em torno da memória de Fernão Magalhães, foi também em conjunto com essa organização que foi realizado o I Encontro Ibérico de “Alcaldes” e Presidentes de Câmara, durante o qual foram atribuídas medalhas aos representantes dos Municípios de onde eram oriundos os tripulantes da “aventura” marítima que mudou a História, como, por exemplo, Barakaldo, Segóvia, Granada e Trigueros (do lado espanhol) e Coimbra, Guarda, Elvas, Covilhã e Guimarães (do lado português), entre muitos outros.
“A tripulação de Fernão Magalhães era global, eram pessoas de várias nacionalidades que souberam desenvolver um projecto comum”, sublinhou António Braga, aproveitando a ocasião para lembrar que Portugal sempre teve uma grande projecção no exterior, contando, actualmente, “com mais de cinco milhões de portugueses a viver e a trabalhar fora do país”.
A cerimónia que integrou uma programação de dois dias, teve início com uma apresentação teatral, levada a cabo pelo Grupo de Teatro Filandorra que levou os presentes a testemunhar a Circum-Navegação de Fernão Magalhães, em 15 minutos.
Maria Meireles