Sábado, 7 de Dezembro de 2024
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Homicida de Ermelo diz que não atirou para matar

Quinze testemunhas do processo que coloca António Cunha no banco dos réus já foram ouvidas. Durante a primeira sessão do julgamento, que começou terça--feira, com direito a um forte aparato policial, o autor confesso do crime que vitimou Maximino Clemente, marido da presidente de Junta de Ermelo, garantiu que “há meses era ameaçado”, tendo sido mesmo alvejado pela vítima horas antes do homicídio na mesa de voto de Fervença.

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“Vi o Maximino em frente a mexer nuns papéis. Ele viu-me, baixou-se e eu tive medo e disparei o tiro para as pernas. Não o queria matar”, referiu António Cunha, que está a ser julgado, desde o dia 15, pelo crime de homicídio qualificado, detenção de arma proibida e detenção de arma em local proibido, nomeadamente na assembleia de voto de Fervença, freguesia de Ermelo, Mondim de Basto.

O julgamento começou pouco mais de oito meses depois da manhã do dia 11 de Outubro, quando o autor confesso do homicídio, António Cunha, de 62 anos, reformado e também ele candidato à freguesia de Ermelo pelo Partido Socialista, atingiu mortalmente na cabeça, com uma caçadeira de canos cerrados, Maximino Clemente, marido da presidente de Junta e candidata pelo Partido Social Democrata à freguesia de Ermelo, Glória Nunes.

O crime aconteceu na manhã eleitoral, por volta das 07h30, exactamente junto à mesa de foto de Fervença, localidade daquela freguesia do concelho de Mondim de Basto, e na presença de várias testemunhas.

O arguido confessou ao colectivo de juízes do Tribunal de Vila Real o disparo, relatando, no entanto, que chegou ao local com a arma a “descoberto”, disparando contra as pernas, sem intenção de matar Maximino Clemente, que nem sabia que estaria na referida mesa de voto.

António Cunha garante que os problemas com a família da vítima já se arrastavam há mais de 30 anos e deram lugar a 20 e tal processos de perseguição política. Fiquei financeira e psicologicamente esgotado”, explicou, sublinhando que vivia com “medo” e “atormentado” pela vítima.

Mais, referiu mesmo que, na manhã dos acontecimentos, horas antes do crime, encontrou Maximino Clemente num cruzamento e este terá disparado contra o vidro do seu carro.

Depois do disparo que vitimou o marido da presidente de Junta, Glória Nunes, o arguido, num estado completamente “desorientado”, fugiu, entregando-se, quando já estava “mais calmo”, à Polícia Judiciária de Braga, dois dias mais tarde.

Testemunhas oculares do momento do crime relataram que António Cunha “entrou, sem dizer palavra”, na escola primária onde estava instalada a mesa de voto e disparou à cabeça da vítima, não sem antes rodar a arma em direcção a todos os presentes.

Outra testemunha garantiu que foi à boleia com a vítima para a aldeia de Fervença, a sete quilómetros de Ermelo, um percurso que decorreu sem “qualquer tipo de incidente”.

Contando com vários populares que se deslocaram de Mondim de Basto para assistir ao julgamento, inclusivamente familiares do arguido que se encontravam no estrangeiro, foi montado no Tribunal de Vila Real um grande aparato policial, não entrando ninguém no edifício sem uma revista pelas forças de segurança e um teste no detector de metais.

A primeira sessão do julgamento, que juntou dezenas de pessoas à porta do tribunal, logo pelas 9h30 da manhã, terminou pouco antes da 18h00, já sem grande concentração popular.

A próxima sessão ficou marcada para o dia 30.

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