Durante a primeira quinzena de Junho deverão ter início os trabalhos de construção do Hospital Terra Quente, uma nova unidade de saúde que contará com um investimento na ordem dos 17 milhões de euros e deverá funcionar em complementaridade com os futuros hospitais de Bragança e Chaves.
Contando com valências como a fisioterapia, a medicina do trabalho e a geriatria, a futura unidade de Mirandela cujo projecto final foi apresentado no dia 19, vai contar, como “ex-líbris” do equipamento, com uma Unidade da Mulher e da Criança onde, como o próprio nome indica, serão disponibilizadas especialidades como a obstetrícia, pediatria e a ginecologia e uma sala de partos. “Abrangerá todas as valências relacionadas com a criança e com a mulher” explicou Manuel Lemos, um dos investidores do Hospital Terra Quente.
Mais, o projecto prevê, para além da construção do Hospital em si, uma Unidade de Cuidados Continuados e uma Residencial Sénior, sendo que estas duas últimas serão geridas pela Santa Casa da Misericórdia de Mirandela.
De uma forma “gradual”, surgirão outras “especializações segundo as exigências do mercado”, referiu o mesmo responsável.
José Silvano, presidente da Câmara Municipal de Mirandela, explicou o atraso de um ano na concretização do projecto referindo que, para além de alguns sócios iniciais não terem demonstrado disponibilidade financeira, outros entenderam “a mudança no Ministério” como um possível reforço do Serviço Nacional de Saúde, “o que poderia representar menor rentabilidade do investimento”.
O autarca referiu ainda que encontrar “um parceiro estratégico que assegurasse o funcionamento do hospital como unidade de saúde” também não terá sido fácil, sendo de realçar que será agora a Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU), a entidade que garantirá a gestão partilhada entre o hospital mirandelense e o futuro Hospital Duque de Bragança, na capital de distrito.
“Hoje ninguém sobrevive só com um hospital isolado num concelho e havia outros dois para fazer em Bragança e em Chaves. Foram dados todos os passos para fazer um acordo de cooperação entre as três unidades, através da CESPU”, explicou o autarca de Mirandela, que irá ocupar o cargo de presidente da administração do hospital Terra Quente.
Assim, cada unidade pode reforçar especialidades e valências porque vão funcionar complementarmente. “Aqui ficou a especialidade básica da Mulher e da Criança. Nas outras unidades funcionarão outras valências. A população saberá a que unidade acorrer”, referiu José Silvano, sublinhando ainda a forte componente de formação das duas unidades.
Almeida Dias, da CESPU, acredita que será possível criar uma “rede privada de serviços de saúde” na região, investimentos que, ao nível do funcionamento, poderão inclusivamente ser financiados pelo Estado. “Temos todo o interesse que aproveite o investimento e também o use para oferecer uma melhor prestação no Serviço Nacional de Saúde”, referiu o mesmo responsável, sublinhando que como mais-valias “o Ministério não ter que construir, não ter que estar preocupado com a gestão, com a contratualização de pessoal, ou aquisição de material, o que representa ganhos brutais para o Governo”.
No total, o Hospital Terra Quente vai contar com 140 camas e criar mais de 100 postos de trabalho. Em relação à unidade bragançana, esta será construída aproveitando as actuais instalações do ISLA Bragança, que desaparecerá dando lugar à Escola Superior de Saúde e Gestão, num investimento de cerca de 20 milhões de euros que deverá estar concluído também dentro de dois anos.