Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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Hotéis e restaurantes ‘abraçam’ espécies em risco de extinção

Sejam hotéis, restaurantes, pastelarias ou mesmo pequenas empresas de produtos locais. O projecto “Proteger é conhecer” está aberto a todos os agentes económicos do concelho e já angariou sete patronos para espécies em risco da zona do Parque Natural do Alvão. Para além da promoção de uma tertúlia que visa a sensibilização sobre a espécie em si, os patronos vão funcionar como centros de informação sobre os valores da fauna e da flora do município em geral.

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A Maculinea Alcon, mais conhecida por “Borboleta Azul”, vai ser a primeira espécie em risco do Parque Natural do Alvão (PNAl) a ser o alvo das atenções no âmbito do projecto “Proteger é conhecer” que, promovido pela Câmara Municipal de Vila Real, com financiamento do Programa Operacional Regional do Norte, tem agendado um conjunto de tertúlias de sensibilização e um Fundo de Protecção Ambiental, em prol da preservação da biodiversidade na capital de distrito transmontana.

“O Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real, que entra em execução justamente no Ano Internacional da Biodiversidade, prevê várias linhas estratégicas, entre as quais a promoção de iniciativas económicas em torno do tema”, adiantou Miguel Esteves, vereador da autarquia responsável pelo pelouro do ambiente, para explicar o convite feito a vários restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos comerciais associados da marca “Parques com Vida” para apadrinhar uma espécie em risco do Parque Natural.

Sete empresários já aceitaram o desafio, e no próximo dia cinco irá realizar-se a primeira sessão de um ciclo de tertúlias que, segundo Julieta Martins, da Associação “Parques com Vida”, têm como objectivo não só sensibilizar para a protecção da biodiversidade mas também “desmontar alguns mitos de cada uma das espécies apadrinhas pelos vários agentes económicos”.

Marisa Borges, representante do Água Hotels, explicou, ao Nosso Jornal, que o interesse em participar no projecto e assumir o papel de patrono de uma espécie em risco, nomeadamente da Borboleta Azul, surge não só pelo facto da unidade hoteleira se localizar em Mondim de Basto, concelho que faz parte do PNAl, mas também em resposta “à filosofia, muito virada para a natureza,” do próprio hotel. “Temos todo o interesse em preservar o ambiente”, referiu a mesma responsável, revelando que o contacto com a natureza é cada vez mais procurado pelos turistas.

Para além do hotel localizado em Mondim, outros seis estabelecimentos do concelho de Vila Real aceitaram ser patronos de espécies em risco ou de habitats protegidos, mas especificamente do Melro-das-rochas (Hotel Miraneve), do Lobo Ibérico (Casa Lapão), da Urze (Restaurante Grill – O Costa), do Azevinho (Restaurante Vilalva), da Gralha-de-bico-vermelho (Estalagem Quinta do Paço) e do Vidoeiro (Restaurante Salsa Fresca).

Assim, uma vez por mês, serão promovidas tertúlias em cada uma das unidades, que funcionarão ainda como um pequeno centro de informação, não só sobre a espécie que apadrinham, mas sobre a biodiversidade no concelho de Vila Real, e, de forma mais geral, de toda a rede de agentes económicos associados à marca “Parques com Vida”, um projecto que engloba os 13 concelhos que servem de morada a quatro zonas protegidas da região Norte (parques naturais do Alvão, Douro Internacional e Montesinho e Parque Nacional da Peneda do Gerês).

“O objectivo é alargar o programa, trazer mais gente para a marca ‘Parques com Vida’, mais empresas que queiram ser patronos de outras espécies”, explicou Celeste Gonçalves, da Associação, referindo que, como contrapartida, os agentes económicos associados, que devem cumprir determinados requisitos, irão beneficiar de uma divulgação em rede e do reconhecimento de um marca que traz aos clientes a “garantia de qualidade ao nível ambiental, social e dos produtos em si”.

No âmbito do projecto pioneiro “Proteger é Conhecer”, que Julieta Martins acredita ser único no que diz respeito ao envolvimento de parceiros tão diversos como a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Quercus, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a autarquia e os agentes económicos do município, entre outros, em torno da preservação ambiental. Será ainda criado um Fundo de Protecção Ambiental que vai constituir-se a partir da angariação de uma percentagem dos lucros das empresas envolvidas durante a realização de várias iniciativas, entre as quais o Festival da Biodiversidade, agendado para o próximo ano.

Segundo Miguel Esteves, o “Proteger é Conhecer” vai investir 1,7 milhões de euros na preservação da biodiversidade do concelho, sendo de sublinhar que, além da linha estratégica que envolve como parceiros os agentes económicos, tem previsto uma série de outras iniciativas pioneiras ou inovadoras que “vão desde a investigação e monitorização das espécies e habitats das áreas classificadas, passando pela implementação de medidas efectivas de gestão da preservação, até à promoção da biodiversidade e dinamização da comunicação com a sociedade vila–realense”.

“Grande parte do território de Vila Real está integrada no Sistema Nacional de Áreas Classificadas (Rede Natura 2000, Parque Natural do Alvão, Rios e Ribeiros do Concelho)”, daí a forte aposta da autarquia na área do ambiente, revelou o vereador vila-realense, sublinhando que para proteger, primeiro é preciso conhecer e amar um património que é de todos.

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