Os incêndios mais assustadores que colocaram em risco bens e pessoas ocorreram durante a tarde e noite de segunda-feira. Um no concelho de Vila Real, onde a cidade chegou mesmo a ter à sua volta sete incêndios, e outro em Santa Marta de Penaguião, onde o reacendimento do fogo do Barreiro causou, durante a noite, horas de pânico, em Arnadelo e na Cumieira.
Mais a Norte, a população de Torre do Pinhão (Sabrosa) e cercanias de Justes (Vila Real) passaram pelas mesmas preocupações. No “historial” destes incêndios, consta ainda a evacuação, pela segunda vez este ano, de cinquenta idosos do Centro de Dia e Lar de S. Tomé do Castelo para uma unidade de acolhimento de Vila Real; a destruição parcial de uma habitação na Cumieira; e o transporte de um casal de idosos para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro por inalação de fumo. Tudo isto sem ignorar os danos nas florestas e na própria fauna selvagem.
O incêndio de S. Tomé de Castelo começou ao princípio da tarde de segunda-feira na Levada do Coelho, Jorjais, (Vila Real) junto ao rio Corgo e rapidamente galgou a encosta. A meio da tarde, ameaçou mesmo as aldeias de S. Cosme, Fortunho, S. Bento e Vila Meã. Entretanto, um outro fogo surgiu pelas 15h30, junto à Estrada Nacional 15, perto de Leirós. Aqui, uma habitação esteve cercada pelas chamas, mas a pronta acção dos meios no terreno e dos meios aéreos evitou o pior. Este incêndio “caminhou” na direcção de Justes, passou a EN 15, próximo do cruzamento da Torre do Pinhão e durante a noite rondou a freguesia.
Num determinado momento da tarde, a situação esteve muito complicada, sendo que o próprio Governador Civil do Distrito, Alexandre Chaves, esteve no terreno a acompanhar o evoluir dos acontecimentos.
O incêndio que evoluiu pelas escarpas do rio Corgo fez com que a Auto-estrada 24 fosse cortada ao trânsito, entre Vila Real e o nó de Fortunho, das 15h30 e 16h00. Ao fim do dia de anteontem, a situação estava mais calma e os fogos estavam já na sua maioria extintos.
De referir ainda que, os bombeiros de Peso da Régua referem que houve rebentamentos de explosivos quando andavam no combate ao incêndio nas serranias de Arnadelo. “Ouvimos alguns rebentamentos na zona de Arnadelo que vinham do interior das matas. Pareciam estampidos de explosivos”, contou, ao Nosso Jornal, António Fonseca, o comandante dos bombeiros de Peso da Régua.
“Embora não garantisse a razão”, o certo é que os rebentamentos “meteram respeito aos bombeiros” que tiveram algum receio com os vários estrondos que ouviram”. Aliás, o comandante sublinha que deverá ter sido um incêndio causado por mãos criminosas. “Provavelmente foi fogo posto que levou este grande incêndio a dizimar perto de uma centena de hectares de mato e floresta nos concelhos de Vila Real e Santa Marta de Penaguião”. As chamas foram combatidas por várias corporações do distrito, 50 soldados do Regimento de Infantaria de Vila Real, RIVR, e ainda por uma coluna de bombeiros voluntários de Bragança.