Até 2010, o Governo quer qualificar um milhão de activos. Um trabalho “ambicioso” que tem sido feito um pouco por todo o país e Vila Real não é excepção. Só no passado Sábado, foram entregues Diplomas de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências referentes ao 9.º ano de escolaridade a 20 formandos do Centro Novas Oportunidades do Nervir e computadores a outros 50 cidadãos do distrito que estão a frequentar o programa.
18 capitais de Distrito, 18 membros do Governo, 18 cerimónias de entrega de Diplomas e de computadores com ligação à Internet, no âmbito da Iniciativa “Novas Oportunidades”. Assim foi o dia 1 de Setembro, de norte a sul do país. E, em Vila Real, não foi diferente, com a cerimónia a ser presidida por Ascenso Simões, Secretário de Estado da Protecção Civil.
A acção do Governo teve como objectivo “a implementação massiva do Programa Novas Oportunidades”, projecto que permitiu dar mais um passo do Plano Tecnológico Nacional, no Distrito, com a atribuição de mais 50 computadores a formandos dos concelhos de Chaves, Sabrosa e Vila Real que, actualmente, se encontram “inscritos ou em processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC)”.
“Esta caixa não é um mero instrumento de trabalho, é uma janela aberta para o mundo”, sublinhou Ascenso Simões, explicando que, ao proporcionar à população o acesso às novas tecnologias, o Governo está a preparar “os cidadãos e o país”, para o futuro.
Além da entrega dos computadores, cerca de duas dezenas de adultos receberam os seus Diplomas do curso de RVCC, dinamizado pela NERVIR, entre os quais Adelino Lisboa que deixou o seu testemunho, durante a cerimónia.
“Nos últimos 14 anos, desempenhei funções numa empresa multinacional, como superior de vendas, mas, nos últimos 4 ou 5 anos, a empresa começou a exigir habilitações superiores e comecei a temer o futuro”, explicou o formando, adiantando que, efectivamente, em Maio do ano passado, integrou uma lista de mais de 20 funcionários que foram despedidos.
Depois de concluído o curso de RCVV, Adelino Lisboa viu reconhecida a sua experiência, o que, segundo o mesmo, “contribui para a auto-estima e motivação para encarar as várias entrevistas a que fui sujeito”, nas buscas de um novo emprego. Hoje, com o nono ano de escolaridade concluído, graças ao programa “Novas Oportunidades”, o vila-realense já tem um novo emprego, numa empresa de distribuição de bebidas e garante que abraçou “um projecto ambicioso”.
Apesar de já ter reingressado no mundo laboral, o formando assegurou que não quer “voltar a perder o comboio”, reconhecendo que “a formação é essencial, para o sucesso pessoal e profissional”. Por isso, garante que está pronto para ingressar num novo curso de RCVV, para a obtenção do 12.º ano de escolaridade.
“O grande objectivo do Governo é colocar a requalificação profissional na ordem do dia”, recordou o Secretário de Estado, lembrando que, apesar de Portugal ter tido um grande progresso, nos últimos 30 anos, a esse nível, “ainda não tem a capacidade de outros países europeus”.
“Temos que apostar tudo nos nossos recursos humanos e aumentar a capacidade competitiva dos cidadãos”, revelou Ascenso Simões, adiantando que a meta do programa “Novas Oportunidades” é, até 2010, “qualificar um milhão de activos”.
“Nos últimos seis anos, a economia portuguesa criou 400 mil postos de trabalho, para pessoas com qualificação de nível secundário e perdeu 245 mil postos de trabalho, para qualificações até ao Ensino Básico”, recordou Manuel Moutinho, Presidente da NERVIR, revelando, ainda, que, também segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), “um ano de escolaridade adicional, na média nacional, contribui para aumentar a taxa anual de crescimento do Produto Interno Bruto, entre 0,3 e 0,5 pontos percentuais”.
Tendo em mente estatísticas como esta, “a Nervir não pode deixar de apoiar e colaborar nos programas que visem combater o desemprego, através de medidas de apoio ao crescimento da economia”, como é o exemplo da iniciativa “Novas Oportunidades” que, só naquela Associação Empresarial, durante o primeiro semestre deste ano, contou com mais de 650 inscritos, contra os cerca de 250 cidadãos que, no ano de 2006, mostraram interesse no processo de RVCC, segundo contabilizou aquele responsável.
Maria Meireles