O trabalho sobre os morcegos (quirópteros) é liderado pelo Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) da UTAD, tem a duração de dois anos e conta com 102 mil euros ao abrigo de um projeto financiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
“Nesta monitorização em particular prevê-se rever e atualizar a lista taxonómica de referência de morcegos, atualizar a informação sobre a distribuição geográfica, habitats de ocorrência, estimativa populacional e as pressões que recaem sobre estas espécies, habitats e abrigos com vista a uma adequada aplicação dos critérios de classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e a determinação do seu estado de conservação, segundo a Diretiva Habitats”, afirmou João Alexandre Cabral, coordenador científico do LEA.
De acordo com o líder do projeto na UTAD, o projeto prevê a realização de deteções acústicas, prospeção de abrigos e captura de morcegos.
Através destas técnicas pretende-se, segundo João Alexandre Cabral, “recolher informação que permita atualizar a distribuição das diferentes espécies de morcegos que ocorrem em Portugal continental, de modo a colmatar as lacunas de conhecimento e avaliar rigorosamente o seu estatuto de ameaça e estado de conservação”.
A UTAD referiu, em comunicado, que o trabalho está a ser realizado em parceria com as universidades de Évora e do Porto, em articulação com o Instituto de Conservação Ada Natureza e Florestas (ICNF).
Envolve ainda voluntários e peritos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
A entidade adjudicante do projeto é a FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências, uma associação de direito privado e sem fins lucrativos que foi constituída em 2017.
O objetivo do novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal continental é melhorar o conhecimento destas espécies e contribuir para o estabelecimento de medidas e ações de conservação.
Este projeto pretende avaliar o risco de extinção de 74 mamíferos analisados em 2005, aquando da publicação do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, e de novas espécies recorrendo aos critérios da UICN e, simultaneamente, avaliar o estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats, realizada a cada seis anos.
O novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal continental prevê a criação de uma base de dados com os aspetos da ecologia, distribuição e abundância destas espécies.
Segundo a FCiências.ID, algumas das espécies mais ameaçadas em território português são a cabra-montês, o lince-ibérico, o morcego–deferradura-mediterrânico, classificados como criticamente em perigo de extinção.
Como espécies em perigo foram identificados o lobo-ibérico, o morcego de Bechstein e a baleia-comum.