Sorridente e com as mãos elevadas, em sinal de vitória, foi assim que João Morais Pereira, de 66 anos, saiu, no dia 14, do Tribunal de Vila Real com uma pena de 10 anos e seis meses de prisão pela morte de um empresário, em Montalegre.
Conhecido por João “Mentiras”, o homem esteve foragido quase oito anos até ser detido, pela Polícia Judiciária, no ano passado, na véspera do dia de Natal.
O coletivo de juízes desqualificou o crime para homicídio simples, mas recusou o argumento de legítima defesa, porque não foi encontrada nenhuma arma junto da vítima.
A sentença, que condenou ainda o arguido ao pagamento de uma indemnização de 60 mil euros, valorizou a confissão, a demostração de arrependimento, o facto deste estar inserido socialmente e de não ter antecedentes criminais.
O caso remonta a abril de 2007, altura em que um homem, de 43 anos, foi morto, a tiro de caçadeira, à porta de um bar de alterne localizado em Solveira, uma freguesia do concelho de Montalegre.
Aos juízes, João “Mentiras” explicou que ele e a vítima se envolveram, na tarde do crime, numa luta que começou num restaurante de Chaves e acabou na rua, onde foram separados, mas não sem antes ficar “com os dentes todos partidos e a sangrar da boca, nariz e ouvidos". Referiu ainda que a vítima ameaçou a sua família, uma situação que o deixou “descontrolado”.
Depois de ter confessado o crime, João Morais Pereira garantiu estar muito arrependido.
À pena de 10 anos e seis meses o réu respondeu com uma demonstração de satisfação logo à saída da sala de audiências, um gesto que repetiu também à porta do tribunal, perante vários repórteres de imagem de jornais nacionais e canais de televisão.
De recordar que na sequência da operação que resultou na detenção de João Morais Pereira, realizada na noite de consoada do ano passado, a PJ encontrou ainda uma estufa de produção de canábis completamente montada, ou seja, “com sistema de aquecimento e luz e ventilação artificiais”, onde se encontravam plantas em vários estádios de desenvolvimento”, algumas prontas a comercializar.
No total foram apreendidas “sete armas de fogo de diversos calibres e centenas de munições, assim como explosivos, sessenta e um pés de canábis e cerca de 300 gramas do mesmo produto repartido em dois sacos de plástico”.