O jovem centenário fez anos a 14 de março, mas só no domingo é que a data foi celebrada, pois foi necessário agendar um dia em que os cerca de 70 amigos e familiares pudessem estar presentes, já que ninguém queria perder uma celebração tão importante.
Ainda firme e cheio de vivacidade, o senhor Joaquim lembrou o passado e contou as aventuras que passara para fugir à fiscalização da PIDE para poder vender azeite e governar a sua vida. Um homem de muitas histórias e com muitas aventuras na sua bagagem, foi acumulando amigos e cultivando a proximidade com várias gerações, mas não esquece que trabalhou muito e que passou por realidades difíceis.
Hoje, com 100 anos, e após insistência da VTM, revelou que um dos segredos para se manter viçoso é o facto de nunca ter fumado, apesar de ter gasto cinco tostões para comprar um maço de tabaco quando era jovem, a sopa sempre passada e claro “uma bela pinga de tinto, que nunca pode faltar”.
Maroto quando era mais jovem, em que fez a irmã mais nova, Nazaré, despentear-se para que não arranjasse namorado, mas respeitado por todos os irmãos devido à sua exigência, Joaquim Manuel atravessou dez décadas e é hoje um homem rodeado por gente que lhe quer bem.
A filha, Otília Silva, caraterizou o pai como “espetacular”. “Sempre foi muito exigente, nunca o contrariámos em nada e tentamos fazer tudo para o satisfazer e para o agradar”, contou, referindo que o pai se mudou de Vilares, no concelho de Murça, para a sua casa há cerca de dez anos e “tentamos diariamente dar-lhe tudo de bom, os melhores cuidados, sopa passadinha como ele gosta, uma batatinha com bacalhau, um copinho de vinho, nada de leite, o café e a comida com açúcar e tempero como aprecia. No fundo fazemos tudo como ele gosta e segundo as exigências”.
Com tanta gente reunida em torno do pai, Otília Silva mostrou-se bastante satisfeita, especialmente “porque sempre foi um homem de muito trabalho e em 100 anos foi a primeira festa que ele teve”.
O carinho também foi bem patente pela terceira geração, que o diga o neto Marco Silva, que recordando as temporadas na aldeia fez referência a várias histórias e contou que andava sempre no encalço do avô. “Gostava muito de passar as férias em Vilares. Andava sempre com ele, carregávamos o centeio, lenha, ajudava-o no que podia e sempre fomos muito próximos”, contou enaltecendo que “o meu avô é uma pessoa impecável e a nossa relação sempre foi excelente”.
A ligação entre ambos sempre foi tão próxima e o tempo que passavam juntos foi tanto que o avô confessou, inclusive, que “às vezes até tinha medo se acontecesse alguma coisa”. Além de Marco Silva, o senhor Joaquim tem ainda uma neta, Leila Silva, que não pode estar presente por ser professora em Macau.