O Centro Social e Paroquial de Cabril foi inaugurado por Pedro Marques, secretário de Estado da Segurança Social, numa cerimónia que reuniu várias personalidades. A bênção do novo edifício, com capacidade para receber 80 idosos, repartidos pelas quatro freguesias que abrange o seu raio de acção (Cabril, Ferral, Venda Nova e Covêlo do Gerês), foi feita pelo bispo de Vila Real, D. Joaquim, que enalteceu a qualidade de um investimento que ultrapassou um milhão e meio de euros e que é constituído por três valências: Lar (30 utentes); Centro de Dia (20 utentes) e Apoio Domiciliário (30 utentes).
Finda a bênção e a visita pelo espaço, deu-se a sessão solene na qual Fernando Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, aproveitou a presença do secretário de Estado para tecer duras críticas ao modo como o actual Governo distribui o investimento público. «Temos ao longo de uma grande área do rio Cávado o sistema de produção hidroeléctrica “Cávado/Rabagão” que é responsável por uma riqueza, para o país, de mais de 700 milhões de euros por ano. Isto quer dizer que o concelho de Montalegre participa na riqueza nacional e que tem uma participação no PIB da região Norte de 80 por cento. Digo isto para lembrar a falta de solidariedade que há com esta região e com o Interior. Um concelho que tem uma empresa que produz e que factura mais de 700 milhões de euros por ano, aproveitando o recurso natural, sem custos, porque todos eles já foram amortizados, e que não deixa aqui o necessário para o desenvolvimento da nossa terra, é uma crítica que todos os responsáveis devem fazer para que o Governo altere esta injustiça para com Montalegre».
Acto contínuo, Fernando Rodrigues lembrou o recente acordo celebrado entre Governo e EDP: «o Governo com o acordo que fez recentemente com o EDP, renovação da concessão até 2032, recebeu 275 milhões de euros à cabeça. As barragens já estavam feitas, os investimentos já estavam feitos, a produção já se estava a fazer… nós, como autarcas, sentimos aqui um drama e uma injustiça com o poder central. Como é que um Governo, que é solidário com o Interior, que fez obras no Interior, permite que ainda haja estes desequilíbrios?». O edil sublinhou que há «uma descriminação positiva ainda muito grande a fazer para com as regiões do Interior». «Tem que ser feita de uma forma mais decidida daqui para a frente», acrescentou.
Depois dos reparos ao Governo, o presidente da autarquia de Montalegre virou o discurso para a importância do investimento público na vertente social. Palavras de gratidão para um executivo que tem apoiado o concelho, na óptica do edil, ao longo dos últimos anos: «nós também devemos a gratidão ao nosso Governo, particularmente a este e sobretudo nesta área da segurança social. Tenho grande satisfação de o dizer que tudo que há a funcionar no concelho de Montalegre, na área social, todas as associações foram apoiadas e nasceram com o nosso apoio, com o apoio da Câmara Municipal.
Em relação à aposta feita em Cabril, Fernando Rodrigues sublinhou que «esta casa nasceu fruto de uma colaboração, preciosa, que surgiu de um entendimento entre a Câmara Municipal, então liderada pelo Dr. Pires, o Prof. Araújo, então presidente da junta e hoje vereador e também com o reconhecimento ao saudoso Padre Amadeu. Deve- -se a estas três pessoas esta obra. Idealizamos o projecto e compramos o terreno, que era o único espaço que serviria, por imposições legais. Neste equipamento, a Câmara de Montalegre fez um investimento que ronda os 850 mil euros. Do programa PAZ houve uma comparticipação por volta de 640 mil euros. Tudo isto, tudo somado, totaliza um milhão e meio de euros. Serve 30 idosos em lar, mais 30 carenciados em apoio domiciliário. Cria 25 postos de trabalho».
A fechar, Fernando Rodrigues reforçou que o compromisso de construção dos futuros lares de Montalegre e Salto é para cumprir: «para além deste investimento, há ainda muito a fazer. Foi por isso que a Câmara Municipal, em parceria com a Misericórdia, avançou com uma Unidade de Cuidados Continuados que já está em construção. Vamos fazer mais um lar em Montalegre e outro em Salto, com dinheiro do Governo ou com dinheiro da Câmara. Espero que haja da parte do Governo um apelo de consciência, que faça um esforço de solidariedade».
Quem não escondeu o agrado pelo que viu em Cabril foi o secretário de Estado da Segurança Social. Pedro Marques fez um balanço positivo: «encontrei um equipamento de grande qualidade. Estamos a promover o equilíbrio do país e o equilíbrio regional. São mais 19 milhões de euros que vão ser feitos no distrito de Vila Real. São mais 11 projectos em todo o distrito. São centenas de postos de trabalho que estamos a criar. Em Cabril, encontrei aqui capacidade de planear, um grande investimento da Câmara que deve ser destacado. É um equipamento que vai ter apoio da segurança social para o seu funcionamento. São 80 idosos. Todos os anos vamos apoiar com 150 mil euros». «Esta é a forma como interpretamos o mandato dos portugueses», rematou.