Criado para promover o repovoamento das zonas rurais, o programa novos povoadores espera atingir, até ao final do ano, um total de 100 famílias migradas para o interior, aguardando pela oportunidade 1.450 famílias, das quais 112 tem expectativas de começar uma nova vida no distrito de Vila Real.
Frederico Lucas, coordenador do programa novos povoadores, explicou que a experiência tem sido muito positiva, já que das 93 famílias que migraram no total, apenas 12 desistiram, tendo sido criados 115 novos postos de trabalho em territórios de baixa densidade.
No que diz respeito aos territórios envolvidos, no distrito de Vila Real apenas o concelho de Alijó já conta com novos povoadores, no entanto essa realidade deverá ser alterada, tendo em conta que um grande número da lista de famílias que está a aguardar o processo de migração tem como objetivo repovar as zonas mais rurais vila-realenses.
Muito implementado no distrito de Bragança, o programa continua a alargar-se em termos de abrangência territorial. Contando já com a adesão de Figueira de Castelo Rodrigo o projeto “vai avançar agora para Seia e provavelmente, depois, para a região Dão-Lafões”.
Na base do programa está a ideia de que “a ruralidade tem hoje atrativos que lhe permite competir com as áreas urbanas” e os “Novos Povoadores reconhecem as mais valias de uma vida mais tranquila sem prejuízo de uma presença profissional ativa”.
“O que nós sentimos é que é muito importante que as famílias que chegam tragam experiência, competências, capital e mercado. Isto é, preferencialmente aquilo que nós apoiamos são empresas que já existem no litoral e que são deslocalizadas para o interior”, sublinhou Frederico Lucas.
Relativamente ao processo de integração nos territórios, o mesmo responsável reconheceu que há ainda muito a fazer, sobretudo no que diz respeito à forma como as comunidades recebem as novas famílias. “A receção não foi a melhor e o programa acha que tem responsabilidades nisso”, admitiu o coordenador adiantando que recentemente foi assinado um convénio com a Fundação Abraza la Tierra, a congénere dos novos povadores em Espanha, através do qual o objetivo é aprender com a experiência positiva desenvolvida no país vizinho a esse nível.
Pelo contrário, há outros aspetos que estão a correr “muito bem”, nomeadamente “o custo envolvido por posto de trabalho”. “O valor médio desceu de 56 mil euros, que era o custo que o Leader tinha para os territórios rurais, para 5.150 euros. Ou seja, neste momento conseguimos apoiar 10 postos de trabalho com o mesmo dinheiro que no passado chegava apenas para apoiar um”, explicou.
Um estudo divulgado pela empresa Bloom Consulting no final do ano passado, revelou que “mais de metade dos portugueses gostaria de viver fora das cidades”, sendo as principais razões “o elevado custo de vida, a chegada da reforma, o congestionamento automóvel, a insatisfação com o emprego e a alteração no número de elementos do agregado”.