Dois militares do Centro de Tropas Comandos de exército foram resgatados, na madrugada do dia sete, da zona das fisgas de Ermelo, em pleno Parque Natural do Alvão, numa operação de socorro “de grande dificuldade” e que exigiu mesmo a experiência de um pastor na avaliação do terreno.
Sérgio Alves, pastor há mais de 35 anos, foi chamado pela Guarda Nacional Republicana (GNR) para prestar apoio no socorro aos dois militares que, segundo Carlos Silva, comandante distrital da Protecção Civil, devido “às condições meteorológicas muito adversas”, ficaram encurralados no fundo de uma ravina junto às Fisgas de Ermelo, na serra do Alvão.
“O nevoeiro intenso impediu que os militares conseguissem regressar ao ponto de origem”, explicou o mesmo responsável, revelando que o alerta foi dado às 22h00 e que a operação de socorro ficou concluída “por volta das seis da manhã”.
Depois de várias horas, os militares, um tenente- -coronel e um sargento, que faziam o “reconhecimento do terreno para um exercício” que se realizaria na zona no dia seguinte, foram “içados, numa operação de salvamento de grande ângulo”, pelos bombeiros da Cruz Branca de Vila Real.
Segundo testemunha no local, o nevoeiro intenso levou a que os soldados da paz “falhassem uma primeira tentativa” de socorro. “Os bombeiros desceram cerca de 200 metros mas depois tiveram que recomeçar”, explicou a mesma testemunha, referindo que foi nessa altura que a equipa de socorro, que contou também com a colaboração dos bombeiros de Mondim de Basto, elementos da GNR e guardas florestais do Parque Natural do Alvão, recorreu à “experiência do pastor” para encontrar o melhor caminho para chegar aos militares. “Com uma lanterna e acompanhado de dois bombeiros, fui de imediato para a ravina junto à queda de água e, cerca das 02h30, consegui ir até meio do declive. Tinha a certeza de que só poderiam estar ali. Fiz sinais, chamei e ouvi uma voz”, relatou Sérgio Alves.
Em “condições extremas” de nevoeiro, vento e frio, os bombeiros conseguiram finalmente içar os dois militares que, em estado de hipotermia, foram transportados para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Apesar do grande secretismo que se gerou em torno do salvamento dos dois militares nas primeiras horas a seguir ao resgate, Hélder Perdigão, o porta-voz do exército, desvalorizou o incidente, garantindo que a situação esteve “sempre controlada” e que os militares resgatados estavam de boa saúde.