“O esqueleto esquecido da new age do betão, precisa de um destino. Por nós, o destino é demolir um ou dois pisos e colocar o edifício ao serviço da comunidade. Mas se for proposta a demolição (total), como diz o ditado, a cavalo dado não se olha o dente”. Essa é ideia que move um, alegado, movimento de cidadãos lançado, no dia 19, através de um blog na Internet.
Segundo informações enviadas ao Nosso Jornal através de uma fonte anónima, o movimento ‘sem rosto’, que visa “fazer uma crítica construtiva sobre o atentado urbanístico que é Hotel do Parque”, surge exactamente numa altura em que se comemora “o 30º aniversário do discreto mamarracho”.
Sem esquecer “outros recatados atentados que se encontram ao abandono na cidade”, o movimento on-line aponta “o executivo municipal PSD” como “o principal causador” do que considera ser um “atentado”, bem como “do restante caos urbanístico” de Vila Real.
“Iremos, após este pontapé de saída, estabelecer uma programação de intervenção sobre o problema”, garante o movimento. No entanto, e apesar de contactado pelo Nosso Jornal via e-mail, não foi possível chegar à fala com os mentores da iniciativa, nem tão pouco saber de forma pormenorizada que tipo de acções estão a ser planeadas.
No Hotel do Parque deverá ser construído um Hospital Privado, mais exactamente um bloco de residências medicalizadas, apoiado por um parque de estacionamento para 140 lugares, projecto da responsabilidade do Hospital da Trofa e do Grupo Existence.
De recordar que, a sociedade gestora de fundos imobiliários, Fundbox SGFIL, SA anunciou, em Junho de 2008, a constituição de dois fundos de investimento, de 13 milhões euros, de capitais próprios vocacionado para investir na promoção de residências assistidas/medicalizadas e unidades de cuidados continuados, entre as quais está o projecto de transformação do “mamarracho”.
Em meados do ano passado foi fixada na estrutura de protecção do edifício inacabado notificações revelando que “o imóvel está arrestado pela empresa Mercadomus – Mediação Imobiliária, Lda., por ordem do tribunal”, uma situação que, segundo a autarquia, ficou “arrumada” judicialmente.
Em Agosto do ano passado foi avançada uma nova previsão para o início da requalificação do edifício, o mês de Setembro, no entanto, até à data, não se verificaram quaisquer trabalhos no esqueleto.
O último passo será a ‘luz verde’ do projecto por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), que já se pronunciou negativamente sobre uma primeira proposta.
Situado na Avenida 1.º de Maio, o Hotel do Parque conta, na sua história, com episódios que envolveram a hipótese de demolição, a sua reconversão num edifício de habitação e escritórios, a sua vertente de abrigo a toxicodependentes e, mesmo, o assassinato de um dos herdeiros, residente no Brasil, o que levou, na altura, ao retrocesso nas negociações entre os proprietários e possíveis compradores.