Apesar das últimas notícias, divulgadas a nível nacional, falarem num apoio “esmagador” dos docentes ao acordo estabelecido entre a Plataforma Sindical e o Ministério da Educação, os membros do movimento espontâneo Promova alertam para o facto de o acordo não representar mais do que uma “cortina de fumo”, um adiar da problemática, para Setembro.
Cerca de 300 professores marcaram presença, no dia 14, numa concentração realizada na Praça do Município, altura em que o Movimento Promova, nascido em Vila Real, sublinhou a sua discordância com o entendimento alcançado entre os sindicatos e o Ministério da Educação.
Durante a iniciativa, marcada anteriormente ao “entendimento”, Octávio Gonçalves, um dos professores fundadores do movimento, sublinhou que “o acordo não representa qualquer vitória, para os professores, já que não responde à primeira das reivindicações que é a suspensão do modelo de avaliação proposto. Apenas se está a atrasar a resolução do problema, para Setembro”, referiu, voltando a defender que “a avaliação dos professores deveria ser feita por uma comissão multidisciplinar, proposta pelos departamentos de cada escola e sujeita a uma formação especializada”.
Criado de forma espontânea, o movimento, garante o professor Octávio Gonçalves, tem recebido, via Internet, várias “notas de descontentamento”, por parte de professores, de norte a sul do país.
“Os sindicatos cederam, de forma fácil, por isso é necessário continuar a exercer pressão, contra os instalados no auto-interesse e na mediocridade”.
Alegando como objectivo a sensibilização dos professores para o entendimento que está em cima da mesa e que deverá ser assinado hoje, também a plataforma sindical marcou presença, na concentração de professores.
“A luta não se esgota no entendimento”, advertiu Carlos Taveira, do Sindicato dos Professores do Norte, considerando que este passo representa, no entanto, “uma primeira abertura, por parte do Ministério da Educação, para negociações”.
“Neste final de ano lectivo vamos poder ter alguma paz, para que, no próximo ano, a situação seja reavaliada”, explicou o dirigente sindical, voltando a frisar que o acordo representa, apenas, “um princípio”, já que os professores “continuam a não aceitar o modelo em causa, por considerarem que não faz uma avaliação justa e séria dos docentes”.
No dia 15, decorreu o dia de debate nacional sobre o estado da escola pública, chamado o “Dia D” e se, por um lado, os vários órgãos de comunicação social citaram os sindicatos para transmitirem uma ideia de “consenso” dos professores, na aceitação do acordo, em Vila Real, mais exactamente na Escola Secundária São Pedro, estabelecimento onde nasceu o Movimento Promova, das três dezenas de professores que participaram no debate, 17 votaram contra o entendimento.
Maria Meireles