No próximo mês de Junho, a autarquia de Montalegre vai levar a cabo uma campanha de sensibilização contra o abate indiscriminado do carvalho, a espécie arbórea que ocupa a maior mancha florestal daquele concelho transmontano.
Segundo Orlando Alves, Vereador da Câmara Municipal de Montalegre, o apelo à população vai ser feito através do envio, juntamente com a factura da água, de um panfleto, em defesa do carvalho e, ainda, com a organização de uma série de colóquios, para realçar a importância da espécie, na economia local.
Segundo o mesmo responsável, nos últimos tempos, tem-se assistido ao abate “indiscriminado” de carvalhos, no concelho, por parte de lenhadores “sem escrúpulos” que não obedecem “a qualquer tipo de regras”, sendo necessária, por isso, a elaboração de um “plano de abate” que garanta uma “gestão racional” da mancha florestal.
Apesar de ressalvar que não é contra “o corte das árvores”, Orlando Alves defendeu a necessidade de estabelecer uma legislação nacional que impeça a dizimação dos carvalhos, sendo de realçar que, apenas na Rede Natura 2000 e nas áreas protegidas, está salvaguardada a protecção dessa espécie arbórea.
Em Novembro do ano passado, no âmbito do Dia da Floresta Autóctone, a Quercus sublinhou a lacuna na legislação portuguesa, lembrando que, “para além dos Sobreiros e Azinheiras que estão protegidos pelo D.L. n.º169/2001, de 25 de Maio, e representam, no seu conjunto, cerca de 37 por cento da área florestal portuguesa, os carvalhos autóctones (por exemplo Quercus faginea, Quercus robur e Quercus pyrenaica), que constituem, apenas, 4 por cento da nossa floresta actual, não possuem qualquer protecção legal”.
“Temos constatado algumas situações dispersas, pelo território nacional, onde algumas matas autóctones, nomeadamente em maciços arbóreos dominados pelo carvalhal, são destruídas, sem que exista autorização para tal. Estas áreas, muitas vezes de pequena dimensão, apresentam uma elevada importância ecológica, pela diversidade de vegetação e de fauna silvestre que albergam”, sublinhou a organização ambientalista, no final de 2006, defendendo que “as espécies/habitats mais importantes a proteger são carvalhais-portugueses (Quercus faginea), espécie relíquia da floresta portuguesa, existente em reduzidas áreas, no centro do país; e, também, os carvalhais de Quercus robur e Quercus pyrenaica, no Norte de Portugal. Estes carvalhais deverão ser protegidos através de um quadro legal simples e eficaz que permita acabar com as situações de abate sem qualquer parecer ou licença das entidades competentes”.
MM