Domingo, 16 de Fevereiro de 2025
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Municípios em “alta tensão” contra novas linhas

O traçado dos corredores das Linhas de Muita Alta Tensão, que vão ser construídos para ligar as subestações eléctricas das futuras barragens do Alto Tâmega, está a gerar forte contestação junto de autarquias e associações ambientalistas. O impacto visual e a ocupação do território, são matérias divergentes com a REN, e já está a motivar muitos protestos.

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Os municípios de Chaves, Mondim de Basto, Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, são os concelhos do distrito de Vila Real que serão atravessados pelo eixo da Rede Nacional de Transportes (RNT), entre Carrapatelo e Vila Pouca de Aguiar. O município de Chaves é um dos que tem estado na linha da frente neste processo, tendo até tomado recentemente uma posição desfavorável face ao Estudo de Impacte Ambiental, EIA. Sobre este assunto, como diz o povo: “é pior a emenda do que o soneto”.

Segundo os serviços técnicos da autarquia, as alternativas do EIA para o traçado da linha de Muito Alta Tensão geram impactes muito superiores ao traçado inicial. O primeiro traçado apontava para o limite sul do concelho, abrangendo três freguesias: Santa Leocádia, Póvoa de Agrações e Oura. Agora, no que respeita ao concelho de Chaves, e na sequência da passagem da linha Valpaços-Carrapatelo, as freguesias de Moreiras, Santa Leocádia, Póvoa de Agrações, Loivos, Selhariz, Vilas Boas, Vilarinho das Paranheiras, Vidago e Arcossó, são abrangidas pelo corredor de transporte de energia. Um impacto visual mais forte e uma maior ocupação do território, são as principais queixas por parte do município flaviense, que até chegou a emitir um parecer desfavorável sobre o EIA.

No concelho de Ribeira de Pena, o projecto inicial da colocação das linhas de Muita Alta Tensão apontava, no seu traçado, a passagem por cima de um campo de golfe em Lamelas, na área do Pena Aventura Park e num espaço destinado à construção de uma infra-estrutura turística de excelência, na zona de Lamelas. O presidente da Junta de Freguesia de Salvador, Joaquim Pinto, está preocupado com a situação. “É um assunto que nos merece particular atenção. Nós fizemos uma proposta à REN para que no traçado do novo desvio não colidisse com os empreendimentos turísticos que estão projectados para o Concelho, inclusivamente para não colidir com alguns já em construção. Em princípio, parece que vai ser aceite a nossa proposta. O projecto inicial causava um mau impacto, atravessava a zona industrial de Ribeira de Pena e iria afectar a visibilidade da vila na encosta de Bustelo, próximo do Fantactic Cable. Agora, estamos à espera da resposta da REN”.

Por sua vez, a Câmara Municipal de Ribeira de Pena forneceu informações à empresa encarregue do estudo de Impacto Ambiental, relativas ao Plano Director Municipal, Carta de Ruído do Concelho e loteamentos previstos.

A Câmara Municipal de Mondim de Basto também está a acompanhar este processo. Em Maio, por unanimidade, foi tomada uma posição desfavorável à Linha Eléctrica de Muito Alta Tensão. O autarca Humberto Cerqueira tem uma posição clara sobre esta matéria. “Na fase de discussão pública, que terminou em Maio, fomos contra a instalação destas Linhas de Muito Alta Tensão, por várias razões. Os corredores que foram apresentados passavam próximos de núcleos populacionais, além disto havia a questão dos níveis de ruído, o impacto paisagístico, em particular na vila e no Monte da Senhora da Graça, pois iria afectar as actividades de parapente e teria efeitos negativos no turismo. Tudo isto são razões suficientes para que a Linha não atravesse o concelho. Ou, se for instalada, que seja o mais longe possível das populações”. Humberto Cerqueira avançou ao Nosso Jornal uma novidade. “Neste momento, um dos corredores da REN, que atravessava a zona urbana da vila, está afastado e a freguesia de Mondim de Basto ficou aliviada neste sentido. Mas, ainda não temos conhecimento por parte da REN qual o traçado que irão adoptar em alternativa. Tudo isto tem de ser pensado e articulado com a autarquia”.

A Junta de Freguesia de Mondim de Basto também manifestou publicamente a sua posição de contestação ao corredor proposto e ao estudo de impacto ambiental encomendado pela REN, uma vez que as linhas iriam atingir aglomerados habitacionais, para além de irem condicionar o território, desfigurando o Monte Farinha (Sr.ª da Graça).

Recorde-se que, o projecto sujeito ao Estudo de Impacte Ambiental, que esteve em fase de estudo prévio, referia-se ao eixo da Rede Nacional de Transportes (RNT) entre Carrapatelo, Fridão, Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, a 400kV. Este projecto corresponde à construção da linha dupla trifásica com um terno a 220kV e outro a 400kV. O terno de 220kV interliga as subestações de Vila Pouca de Aguiar e Carrapatelo, através da abertura da Linha Valpaços – Vila Pouca de Aguiar para a subestação do Carrapatelo. Já o terno de 400kV interliga as subestações de Ribeira de Pena e do Fridão. Neste projecto está ainda incluída a construção das subestações de Ribeira de Pena e do Fridão.

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