Do outro lado, está o Vila Real que, depois de ter perdido o título de campeão para o Mondinense, deixou escapar o único troféu que ainda poderia vencer. Foi um jogo em que a equipa não esteve bem, cometeu inúmeros erros, à semelhança do que já tinha acontecido no último jogo do campeonato, frente ao Ribeira de Pena.
Curiosamente, os vila-realenses entraram bem no jogo e logo no primeiro minuto poderiam ter chegado ao golo, quando Azevedo vai à linha, centra para o remate forte de Mico que sai a centímetros da barra. Normalmente, o Vila Real cria perigo logo no início dos jogos, mas não marca, isso aconteceu em muitos jogos do campeonato. Parecia que o Vila Real queria resolver cedo a contenda, mas isso foi pura ilusão, pois o Murça reorganizou-se e, com o meio-campo bem povoado, foi consolidando a sua estratégia, não dando espaço ao adversário para explanar o seu futebol. Sempre que ganhava a bola, lançava os avançados nas costas da defensiva, que sentiu algumas dificuldades para travar as investidas murcenses. Num lance muito rápido, a defensiva vila-realense é apanhada de surpresa, com Tiago a fazer um lançamento de linha lateral e a colocar em Rudy que aparece na cara de Pedro e faz o primeiro golo da tarde, decorria o minuto 31. Muito veloz, o reforço de Janeiro da turma do Murça. Aos 39’, os alvi-negros vão chegar ao empate. Bessa vai à linha de fundo, cruza para o segundo poste, onde aparece Shuster a rematar com êxito e a restabelecer a igualdade. Volvidos três minutos, o Murça esteve perto do segundo golo, desta vez, valeu a atenção de Mica a fazer o corte, quando o remate de Rudy se encaminhava para a baliza. Na sequência do pontapé de canto, de novo, Rudy a cabecear para uma excelente intervenção de Pedro, com uma palmada, tira sobre a linha. Já muito perto do intervalo, o Vila Real vai ficar reduzido a dez unidades, com Mico a ver o cartão vermelho directo, depois de uma entrada muito perigosa sobre Lourenço. Nuno Cabral não teve qualquer dúvida em dar ordem de expulsão ao médio alvi-negro.
Para a segunda parte, Carlos Felisberto teve que mexer na equipa e fez entrar Ernesto para o lugar de Miguel Ângelo, dando maior coesão ao centro do terreno, abdicando de um avançado, já que jogava apenas com dez. Mais uma vez, o Vila Real entrou melhor, mas Shuster, isolado frente a Marco, desperdiça uma grande oportunidade, ao rematar ao lado. A resposta do Murça não tardou, mas o remate saiu a centímetros do poste, quando na bancada já se festejava o golo. Aos 60’, o Murça tem uma soberana ocasião para se adiantar no marcador, já que beneficiou de uma grande penalidade, mas o recém-entrado Bino atira ao lado. A 15 minutos do final, o Vila Real vai fazer a reviravolta no marcador, com o golo de cabeça de André Azevedo. Volvidos dois minutos, há alguma atrapalhação na defensiva vila-realense e Edison aproveita as facilidades para restabelecer a igualdade, num excelente chapéu ao guarda-redes Pedro. Este golo animou os comandados de Leonardo Teixeira que eram coesos e rápidos sobre a bola. Fruto dessa pressão e de algumas facilidades concedidas no sector mais recuado do adversário, Rudy acredita e remata de fora da área, alcançando o golo da vitória. Neste lance, Pedro parece mal batido, já que a bola não levava muita força, mas bate à frente do guarda-redes e acaba por entrar na baliza. Sem motivação, os vila- -realenses renderam-se ao futebol mais objectivo do adversário, que geriu bem a vantagem até ao apito final.
Num jogo emotivo, a Taça foi bem entregue aos murcenses que encararam o jogo de forma séria, onde a união fez a força. Do outro lado, esteve uma equipa fragilizada a nível anímico, cometeu inúmeros erros, que acabaram por ditar uma época desastrosa para os vila-realenses. Agora, há que repensar a próxima época para que os erros do passado não se voltem a repetir.
CARLOS FELISBERTO, treinador do Vila Real
“O segundo é o primeiro dos últimos”
O técnico alvi-negro felicitou o adversário pela conquista da Taça e reconheceu que a sua equipa cometeu demasiados erros.
“Numa final, os erros pagam-se caros. Uma equipa que disputa um título não pode ter as falhas que teve aqui hoje, por isso parabéns ao Murça pela conquista da Taça. Claro que estamos tristes, acho que a conquista da Taça seria um justo prémio para esta equipa, mas não vencemos e resta-nos reconhecer o mérito dos vencedores.
Foi uma época extremamente negativa, estivemos em duas frentes até ao fim, mas o segundo é o primeiro dos últimos.
A expulsão de Mico condicionou bastante o nosso jogo, tivemos que alterar a estratégia. Mesmo assim, a 15 minutos do fim tivemos o pássaro na mão, mas deitamos tudo a perder, com demasiados erros que não podem acontecer num clube com os objectivos bem definidos como aqueles que tinha o Sport Clube de Vila Real.
A alegria de uns, é a tristeza de outros, há que olhar em frente, a vida continua”.
Leonardo Teixeira, treinador do Murça
“Acreditamos sempre que poderíamos vencer”
No final do encontro, o técnico murcense estava obviamente feliz com a conquista da Taça, num jogo que a sua equipa mostrou que nas finais não há favoritos.
“Numa final não há vencedores antecipados, cada equipa tem 50 por cento de hipóteses de vencer. O Murça foi mais feliz, marcou três golos e sofreu apenas dois. A nossa missão ficou mais facilitada com a expulsão do jogador do Vila Real, já perto do final da primeira parte. Mesmo reduzidos a dez elementos, o Vila Real conseguiu dar a volta ao marcador, mas nós acreditamos sempre que seria possível a vitória e acabamos por vencer por 3-2. Os jogadores estão de parabéns e têm tudo para singrar, na próxima época, em grandes clubes. Foi uma época muito positiva, já que os objectivos foram cumpridos, ficamos a meio da tabela e conseguimos conquistar a Taça”.
Quanto ao futuro, Leonardo Teixeira referiu que ainda não tem qualquer proposta. “Ainda não conversamos sobre a próxima época, agora vamos é festejar esta vitória e depois logo se vê o que irá acontecer”.
Ficha Técnica
Jogo disputado no Estádio Municipal de Alijó
Árbitro: Nuno Cabral
Auxiliares: Márcio Teixeira e Marina Almeida
MURÇA – Marco, Lourenço (Alhinho, 59’), Adegas, Abreu, Albino, Clemente, Pedro (Bino, 59’), Edison, Jonathan, Tiago, Rudy (Delgado, 90’).
Suplentes não utilizados: Fábio André, Topinha, Paulinho e Tony.
Treinador: Leonardo Teixeira
VILA REAL – Pedro, Bessa, Peixoto (Moura, 82’), Nuno Fredy, Mica, Diogo, Mico, Castanha (Leandro, 85’), Miguel Ângelo (Ernesto, 45’), Shuster, André Azevedo.
Suplentes não utilizados: Ivo, André Teixeira, Miguel e Henrique.
Treinador: Carlos Felisberto
Ao intervalo: 1 – 1
Cartões Amarelos: Mica (55’), Pedro (56’), Peixoto (60’), Clemente (84’)
Cartão Vermelho: Mico (45’).
Marcadores: Rudy (31’ e 81’), Shuster (39’), André Azevedo (75), Edison (77’).