Carlos Guerra, de 63 anos, foi o convidado do Bola ao Centro. O gosto pelo futebol surgiu em “peladinhas” de rua, com os amigos da aldeia, em que usavam as pedras para sinalizar as balizas.
Mais tarde foi estudar para Chaves, começou a jogar nos iniciados do GD Chaves, clube com o qual tem uma longa ligação.
Tinha uma grande capacidade de impulsão e foi como avançado que se notabilizou no futebol transmontano. Admite que poderia chegar mais longe, mas por culpa própria saiu do GD Chaves. “Saí aos 21 anos, por ter pouco profissionalismo e, como gostava muito da noite, perdi-me muito”.
Passou por várias equipas, Bragança, Pedras Salgadas, Montalegre, Vila Pouca, Vidago. “Eram tempos difíceis, com fracas condições. E era um futebol feio, de bola para a frente. Hoje não tem nada a ver, os jogadores e os treinadores têm muito melhores condições”.
Após passagens com sucesso pelas camadas jovens flavienses, esta época assume o comando da equipa do Chaves B e alcança o título de campeão distrital. Não estava a contar com o convite, mas abraçou o desafio e alcançou o objetivo. O segredo para o sucesso diz que “foi o trabalho e o profissionalismo”, mas também a “condição física”, que faz a diferença neste campeonato.
Lembra ainda que “são profissionais, mas recebemos como amadores. Treinamos de manhã, cinco vezes por semana. E exijo sempre o máximo de profissionalismo”.
Carlos Guerra refere que o objetivo das equipas B é potenciar jogadores. “Penso que é a melhor solução, já que não se pode andar a gastar dinheiro na formação e depois deitar tudo ao lixo. Temos de lhe a possibilidade de os ver chegar à equipa A”.
Alcançou o título a cinco jornadas do fim do campeonato, após a vitória em casa frente ao Mondinense. Admite que o adversário que mais o surpreendeu foi o Vidago, “uma equipa bastante experiente”.
Sobre a equipa que mais o desiludiu, o treinador não adiantou nenhum nome, mas deu o exemplo do Montalegre, que também é uma equipa profissional. “Foi construída para ser campeã, mas as coisas não correram muito bem. Estiveram na luta, mas no jogo decisivo em Chaves, nós vencemos aos 97 minutos, numa vitória que foi justa. Aí o campeonato ficou praticamente decisivo”, admite.
Carlos Guerra já está a preparar a próxima época, onde vai continuar a orientar o Chaves B, mas agora no Campeonato de Portugal. “Será um campeonato mais exigente, quero ficar com muitos dos jovens que estão connosco e também com alguns juniores, e estamos a procurar reforços”.
Feliz por estar no clube do seu coração, refere que há que ter memória e enaltecer o trabalho da que tem vindo a ser desenvolvido. “O Desportivo passou por momentos muito difíceis, mas a família do senhor Francisco está de parabéns pelo trabalho que feito no GD Chaves”.
A entrevista está disponível, na íntegra, nas páginas de Facebook e Youtube do jornal A Voz de Trás-os-Montes, no site ou em podcast, através do Spotify.