Sábado, 7 de Dezembro de 2024
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Nova proposta transforma “via europeia numa circular interna”

Além de todas as problemáticas base apresentadas aquando da escolha do traçado do lanço A4, que inclui a construção de um viaduto que vai ‘manchar’ o Vale do Corgo, a Quercus chama agora a atenção para a proposta do RECAPE, um documento cuja discussão pública terminou no início do mês e que apresenta constrangimentos inadmissíveis para uma obra que integra a Rede Transeuropeia de Transportes e que contrariam os fundamentos utilizados para o não aproveitamento do IP4.

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“Os dois argumentos utilizados para o não aproveitamento do actual corredor do Itinerário Principal (IP) 4 também estão presentes na solução 1.1 (Lote1), agora preconizada, nomeadamente o sacrifício das características geométricas e a redução da velocidade”, garante a Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, num comunicado, divulgado no dia 18, onde crítica a posposta apresenta no Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE), cujo processo de Acompanhamento Público terminou no início do mês.

Segundo os ambientalistas, que mais uma vez alertaram “para o grande prejuízo ambiental e paisagístico no vale do Corgo”, a solução que consta do RECAPE apresenta “constrangimentos inadmissíveis para uma obra que integra a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), nomeadamente, inclinação máxima dos trainéis de 5,5 por cento, curva convexa com 10 000 metros de parâmetro, velocidade base de 100 km/h em 9 por cento da extensão total do lote, ausência de via de lentos em 2900 metros de extensão, no troço que irá funcionar como circular exterior a Vila Real”. “Deste modo, esta opção vai agravar a mobilidade dos cidadãos, dado que as Estradas de Portugal e os decisores políticos estão a transformar uma via europeia numa circular interna”, defendem os ambientalistas.

João Carlos Batista, da Quercus, voltou a lembrar que esta opção é “altamente penalizadora” não só a nível ambiental mas também no que diz respeito aos custos financeiros. “Para além disso este viaduto vai comprometer o desenvolvimento a Sul do concelho e vai comprometer o turismo”, referiu ainda o mesmo responsável.

Assim, a Quercus reitera que o aproveitamento do actual IP4 com as devidas melhorias é a melhor solução para evitar um prejuízo ambiental e paisagístico de grandes e irreversíveis proporções e pede que seja repensada “a política de mobilidade nacional”, e que sejam reavaliadas todas as possibilidades para a construção da A4, nomeadamente o troço de Parada de Cunhos (Vila Real). “Este grande investimento previsto no Lote 1, com a solução 1.1, que contabiliza 3.617 metros em ponte e viadutos, numa extensão de 10 600 metros para este troço da A4, devia ser reorientado para a manutenção e melhoria das estruturas rodoviárias existentes (IP4) e para o financiamento dos transportes ferroviários”, reclama a Associação de Conservação da Natureza.

A Quercus lamenta ainda não ter sido avisada dos prazos para a participação no período de discussão pública do RECAPE, tendo o mesmo acontecido com os moradores que vão ser afectados pela nova via.

Ainda sem resposta está a denúncia contra Portugal na Comissão das Comunidades Europeias por desrespeito ao Direito Comunitário, que foi apresentada pelos ambientalistas em Janeiro.

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