Apesar de não avançar com números, o Partido Comunista Português (PCP) de Vila Real denunciou, no dia 12, em conferência de imprensa, o “colapso das estruturas sociais” que garantiam o apoio aos idosos que tenham alta médica depois de um internamento hospitalar.
“As famílias de acolhimento são cada vez em menor número e os lares de idosos estão cheios ou os familiares não têm dinheiro para suportar as mensalidades”, explicou Manuel Cunha, da Direção da Organização Regional de Vila Real (DORVIR) do PCP.
Segundo o mesmo responsável, a falta de uma reposta para os doentes seniores aquando das altas médicas leva os hospitais a prolongar o período de internamento, que é “a única solução humana a ter” nesses casos. “Não é humano dar alta a alguém que não tem um braço que o ampare”, sublinhou.
Apesar de salvaguardar os idosos de uma vida sem apoio, ao se prolongar os internamentos aumenta-se a taxa de mortalidade (por infeções), impede-se a realização de novos internamentos e diminui-se a capacidade de resposta e a qualidade de atendimento aos utentes, tendo em conta a sobrelotação dos vários serviços.
Manuel Cunha sublinha mesmo que “a taxa de mortalidade registada no mês de fevereiro foi muito, muito acima” dos números contabilizados dos últimos meses.
Considerando que a situação está a agravar-se, o PCP defende o desenvolvimento de um Plano de Emergência ao mesmo tempo que acusa o Governo de Pedro Passos Coelho de “tentar silenciar a situação para fugir às responsabilidades”.
A denúncia dos comunistas relativamente à falta de apoio aos idosos no período pós-internamento surge depois da DORVIR ter alertado, no início de fevereiro, para a falta de condições em caso de uma epidemia de gripe. Já na altura Manuel Cunha garantia que “os hospitais não estavam a ser capazes de dar respostas às necessidades devido aos cortes nos financiamentos e ao controlo do horário de trabalho de médicos e enfermeiros”.
O comunista defendeu ainda, aquando do primeiro alerta, ser necessário espaços físicos extras para o internamento e profissionais de saúde em maior número, sendo necessário rever “as restrições financeiras que estão a prejudicar os serviços”.
Manuel Cunha lembrou alguns dados estatísticos divulgados recentemente pela Entidade Reguladora da Saúde que indicam que, em Portugal, o número de médicos hospitalares por mil habitantes está abaixo da média europeia, sendo de sublinhar que nas unidades do interior essa diferente é “muito maior”. “A taxa de sofrimento das pessoas aumenta de forma desnecessária”, explicou.
O PCP voltou a criticar a questão dos transportes, referindo que o Governo está a dificultar o acesso aos cuidados de saúde, sobretudo para as famílias do interior do país e mais carenciadas.
PCP apela à participação na greve da próxima quarta-feira
Durante a conferência de imprensa, Jorge Humberto, da DORVIR, apelou aos transmontanos para que adiram à greve geral marcada pela CGTP para a próxima quarta-feira, dia 22.
Segundo a central sindical, “a greve dirige-se contra o agravamento da legislação laboral e das medidas de austeridade”.
“Emergem cada vez com mais nitidez as condições ruinosas” para os trabalhadores, explicou Jorge Humberto, lembrando que “o pacto com a Troika não está a resolver problemas mas está sim a agravá-los”.