Domingo, 8 de Dezembro de 2024
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“O distrito só se desenvolve economicamente se não deixar os mais frágeis para trás”

Entrevista à cabeça de lista da IL | Teresa Aguiar | Consultora em Tecnologias da Informação | 28 anos

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Quais são as duas grandes prioridades que defendem para o distrito?
Propomos duas grandes prioridades para o distrito de Bragança: a criação das ZEE (zonas económicas especiais) e a integração da proposta da associação Vale D’Ouro no Plano Ferroviário Nacional.

Consideramos, ainda, fundamental o distrito ter uma rede de transportes públicos rápidos, eficientes e ecológicos. O distrito é um dos que abarca mais território do País, no entanto, é mais demorado e desconfortável ir de Freixo de Espada à Cinta a Vinhais do que Miranda ao sul de Espanha. O distrito só se pode desenvolver economicamente se não deixar as suas populações mais frágeis para trás, pelo que, estas têm de ter meios de se deslocar aos pólos populacionais de maior dimensão para resolver as suas pendências, sejam de saúde ou outras.

Ao contrário da convenção tradicional que divide o país por regiões conhecidas (Norte, Centro, Sul…), a verdade é que as diversas regiões interiores do país compartilham mais semelhanças entre si do que o distrito de Bragança, por exemplo, tem com a região do Porto. Nesse sentido, a implementação de ZEE possibilitará a instalação de novas empresas e atrairá novas populações para essas áreas.

O setor da saúde atravessa uma fase conturbada. Na região, o que poderá ser feito para ultrapassar esses desafios?
Não aceitamos que os nossos idosos tenham que escolher entre recorrer a um privado para um tratamento ou uma consulta de especialidade ou comprar os seus medicamentos ou pagar as suas contas ao final do mês.

A abordagem da Iniciativa Liberal para superar os desafios no setor da saúde centra-se na garantia de acesso a cuidados de saúde para todos os habitantes, atribuição de médicos de família, especialmente para todos os cidadãos com mais de 65 anos e para crianças com menos de 9 anos. Para a IL pouco importa quem é o prestador dos cuidados de saúde: público, o setor privado ou o setor social, todos devem estar articulados para ajudar a melhorar a saúde dos portugueses. É preciso proteger os mais idosos e todos aqueles que hoje não têm condições de recorrer ao privado para resolver os seus problemas. Um idoso com problemas cardíacos não pode esperar 6 meses por uma consulta de cardiologia.
Propomos uma abordagem em que o financiamento da saúde seja direcionado não aos hospitais, mas sim ao tratamento individual da doença.

Quanto à ferrovia. Qual a melhor solução?
A Iniciativa Liberal defende a ferrovia como um investimento estratégico de longo prazo, reconhecendo o seu potencial retorno económico e ambiental. O apoio à implementação do Plano Ferroviário da Iniciativa Liberal visa reduzir a distância entre as capitais de distrito, promover o transporte ferroviário de mercadorias e garantir que nenhuma capital de distrito esteja a mais de duas horas de distância de Porto ou Lisboa. A criação de uma nova linha ferroviária para Trás-os-Montes é uma medida específica para melhorar a conectividade da região, a proposta da Iniciativa Liberal de ligação ferroviária à região de Trás-os-Montes e Alto Douro, com conexão à rede convencional e à de alta velocidade na Puebla de Sanabria ou em Zamora, traz consigo um reconhecimento explícito da necessidade de compensar uma região que enfrentou décadas de abandono e desconexão do resto do país.

Reforçamos que a construção da linha de alta velocidade Pedras Rubras – fronteira de Espanha junto a Miranda, deveria avançar juntamente com a linha Porto – Lisboa.

Relativamente aos impostos das barragens, qual a vossa posição?
Acreditamos que a lei deve ser cumprida. A génese do liberalismo assenta em menos estado, mas também em melhor estado. Melhor estado significa reguladores fortes, competentes, expeditos e ágeis.

A atuação dos governos PS neste assunto é simplesmente vergonhosa e a atuação da autoridade tributária, é, no mínimo, questionável, para não dizer criminosa. Uma entidade que não hesitou em penhorar casas de habitação permanente por dívidas mínimas (de apenas alguns euros) de portagens agora parece hesitar na aplicação da lei.
Quando o Estado atinge um ponto em que as ações do PS o deixaram, perde-se na autoridade. A falta de consequências para o não cumprimento de ordens diretas reflete a falência do próprio Estado. Neste cenário, as pessoas passam a decidir arbitrariamente, comprometendo a ordem e a credibilidade do sistema.

A perda de população continua a ser um grave problema do interior do país. Que medidas defendem para combater este flagelo?
Sabemos da importância de descentralizar o país, reduzindo a pressão urbanística nos grandes centros urbanos. Defendemos que, para além de uma rede de transportes abrangente, a descentralização dos serviços do Estado é fundamental nesse processo. A dispersão de serviços do estado para diferentes partes do país não só aliviaria a procura por habitações nos grandes centros urbanos, mas também incentivaria a descentralização económica que beneficiaria a nossa região. Apresentámos na última sessão legislativa a distribuição efetiva de ministérios pelos distritos (que PS e PSD votaram contra).

Queremos apostar na criação de ZEE, onde a tributação das empresas e pessoas que aqui se instalem seja menor. É necessário investir em infraestruturas de distribuição de água, energia e rede que serão atributos decisivos ao desenvolvimento do interior, seja pela via da atração de pessoas como pela instalação de empresas.

Além disso, reconhecemos o potencial da Agricultura como um pólo de inovação científica e prosperidade económica. A aposta na agricultura visa não apenas fortalecer a economia local, mas também gerar oportunidades de emprego atrativas para os jovens, contribuindo para reverter a tendência de perda populacional no interior. Acreditamos, também, que é necessário promover trabalho remoto, já que este pode constituir um mecanismo importante para a correção das assimetrias regionais através da (re)localização de trabalhadores para zonas de baixa densidade.

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