Domingo, 19 de Janeiro de 2025
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O grande desafio do Ensino Profissional é conseguir a estabilidade

Intrinsecamente ligada ao setor empresarial, a Escola Profissional do Nervir já formou ao longo dos anos milhares de jovens. Contando com umA taxa de empregabilidade na ordem dos 80 por cento, um dos grandes objetivos continua a ser ‘produzir’ jovens qualificados para dar resposta às necessidades da região. 

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A concorrência desleal do ensino público, os atrasos no financiamento, a falta de autonomia na escolha dos cursos e a redução do número de alunos em geral são algumas das dificuldades pelas quais atravessa o ensino profissional em Portugal. Para assinalar os seus 25 anos de existência, a Escola Profissional da Nervir (EPN) vai promover, amanhã, a partir das 9h30, um debate sobre o futuro deste braço do sistema educativo. 

Segundo Luís Tão, presidente da Associação Empresarial Nervir, perante as inúmeras dificuldades que se põem, o grande desafio do Ensino Profissional é a procura pela “estabilidade”.

A par da redução do número de jovens em Portugal, o principal entrave que se coloca a este ‘setor’ do sistema de educação prende-se com a falta de autonomia das escolas na escolha dos cursos a lecionar. “A pirâmide de decisão na aprovação de cursos está invertida. A decisão devia vir das necessidades do mundo empresarial”, explicou o dirigente associativo, revelando que anualmente a Nervir faz inquéritos junto dos seus associados para avaliar as necessidades das empresas, elenca o que é necessário e solicita a abertura desses cursos, mas “a verdade é que o Ministério da Educação é soberano”.

Luís Tão sublinha que o ensino profissional em Portugal é confrontado ainda com outra dificuldade, a “concorrência desleal do ensino público”, uma vez que lhe é sempre dada a preferência quando se fala de vagas. “Por exemplo, se tivermos um curso de turismo e uma escola da zona também tiver, só podemos inscrever novos alunos no primeiro ano se o curso no estabelecimento público estiver completo”, explicou. 

Apesar de todos obstáculos, segundo Luís Tão, nos últimos anos a “escola tem passado por momentos de equilíbrio”. “É pena que o financiamento deixou muito a desejar no último ano. Começamos a receber as verbas já no meio do ano e tivemos que recorrer a créditos bancários, cujos juros não são subsidiados, para assumir as despesas”, lamentou.

Criada em 1991, a EPN teve “um desenvolvimento muito bom” ao longo dos anos, como recordou à VTM, Carlos Almeida, que há mais de 15 anos assume o papel de diretor pedagógico. “Saímos do hospital velho, passamos para a Avenida Aureliano Barrigas, onde estivemos seis anos, e depois viemos para a escola nova, construída de raiz”, explicou o mesmo responsável revelando a forte aposta da associação empresarial na escola, que chegou a ter 17 turmas no mesmo ano letivo.

Quando abriu as suas portas, disponibilizava apenas dois cursos profissionais, nomeadamente Técnico de Contabilidade e Técnico de Comunicação/Marketing Relações Publicas e Publicidade, mas ao longo destes 25 anos ministrou doze cursos profissionais e formou 5.629 alunos.

Também Carlos Almeida defendeu que o desafio do ensino profissional continua a ser a formação de quadros intermédios, sendo óbvia, por isso, a necessidade de “estar agregado às empresas, de trabalhar em parceria com elas”.

Neste ano letivo frequentem a EPN cerca de 250 alunos divididos em nove turmas dos cursos de Técnico de Secretariado, Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, Técnico de Turismo e Técnico de Multimédia (curso vocacional). 

Para Luís Tão não é só o Ensino Profissional que precisa de estabilidade, mas sim todo o sistema educativo. “A educação teve mais de 100 diplomas de alteração profunda nos últimos 30 anos. Esse cenário não dá estabilidade porque não se consegue traçar um plano estratégico para o concelho, um plano de empregabilidade, com todas as escolas a trabalhar em conjunto numa oferta formativa estruturada”.

Essas e outras temáticas vão discutidas amanhã, no auditório da Nervir, num debate que vai contar com diversos oradores e a presença do secretário de Estado da Educação. 

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