Na mesma semana em que se assinalaram os 16 anos do silenciamento dos motores do circuito vila-realense, tiveram início as obras que vão permitir o retomar, em segurança, de uma tradição que, durante anos, colocou Vila Real no mapa do desporto automóvel nacional e internacional.
No Sábado, completaram-se 16 anos sobre o fatídico dia em que um acidente, no decorrer do Circuito Automóvel de Vila Real, levou à morte de quatro pessoas e a ferimentos graves em muitas outras. Foi exactamente no início desta semana, no dia 16, que começaram as obras que vão garantir a segurança ao regresso das corridas à capital do Distrito.
“As obras já estão no terreno, desde segunda-feira. Começaram com a colocação das estruturas que vão receber os “rails”, confirmou, ao Nosso Jornal, Jorge Fonseca, Presidente do Automóvel Clube de Vila Real (ACVR) que, com a Câmara Municipal, está a organizar o regresso das corridas ao circuito urbano vila-realense, para os dias 5,6 e 7 de Outubro.
Segundo o mesmo responsável, a intervenção, nos 4,6 quilómetros de circuito, deverão estar concluídas, dentro dois meses, “cerca de 15 dias antes das corridas” e contarão com um investimento de 1,2 milhões de euros, dos quais 500 mil são suportados pelo Governo.
Para além da colocação de “rails”, também o piso será renovado, entre outras obras que têm como objectivo final garantir a “segurança passiva da pista”.
O circuito actual aproveita, apenas, metade do traçado original que, durante 60 anos (entre 1931 e 1991), fez as delícias dos amantes das velocidades e fez de Vila Real a capital do desporto automóvel, a nível nacional e internacional, estando projectada a instalação da meta na Avenida da Europa, junto à sede do CAVR, seguindo o trajecto até à Rotunda do Restaurante Mateus, Rotunda de Mateus, Araucária e, finalmente, de volta à Avenida da Europa.
Jorge Fonseca recordou o dia em que os carros, pela última vez, percorreram o circuito vila-realense, lembrando que, antes do despiste do piloto Pedro Carvalho, na anteriormente conhecida como “Curva da Ford”, junto à Araucária, a população que assistia a corrida foi advertida, “mais de vinte vezes”, para que respeitassem as medidas de segurança.
“Antes, as condições de segurança eram outras. No entanto, o automobilismo é uma modalidade que tem alguns riscos. Por isso, para além de todas as medidas de segurança do circuito (que contará com “rails” triplos e muros de betão e redes de segurança, em, praticamente, toda a sua extensão) continuamos a pedir ao público que tenha a consciência dos perigos”, salientou o dirigente do Clube Automóvel.
Amanhã, durante a cerimónia do 82.º aniversário da Elevação de Vila Real a Cidade, será apresentado o cartaz das corridas, bem como serão inauguradas duas exposições, dedicadas ao Circuito de Vila Real que ficarão patentes, ao público, no Arquivo Municipal e no Conservatório Regional de Música de Vila Real.
Jorge Fonseca explicou, ainda, que, durante a passada semana, foram realizadas reuniões de sensibilização aos moradores que serão afectados pela realização das corridas, “cerca de 30 famílias que vivem na zona da Rotunda do Restaurante Mateus”. De realçar que será criada um nova via de ligação à Quinta da Redonda que garantirá o acesso permanente ao Serviço de Urgências.
Maria Meireles