Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024
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Organização está “tranquila” e garante que irá devolver bilheteira e pagar dívidas

Estavam previstos quatro dias de festa, mas logo no primeiro dia as expectativas da organização saíram goradas e aquele que prometia ser “o maior festival de música portuguesa” acabou por ser cancelado. Muitos acreditaram tratar-se de um caso de burla, no entanto, ao Nosso Jornal, a empresa organizadora deixa a certeza de que irá restituir o dinheiro dos bilhetes e chegar a um entendimento com todos os lesados. A Câmara “lava as mãos” em todo o processo e o Abambres Sport Club não descarta ainda a possibilidade de recorrer aos tribunais para resolver a questão.

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Ao contrário do que chegou a ser divulgado em vários órgãos de comunicação social nacionais e regionais, a organização do Festival “Querido mês de Agosto”, que foi cancelado no dia 20, depois de apenas uma noite de concertos, garante que “não fugiu”, nem vai fugir às suas responsabilidades para com espectadores que adquiriram bilhetes, fornecedores e concessionários.

Flávio Medeiros, director-geral da TopikLink, empresa responsável pela organização do evento, explicou que o Festival foi cancelado devido à “fraca bilheteira”. “Perspectivávamos cerca de 10 mil pessoas no primeiro dia e tivemos entre 800 a 900”, explicou o mesmo responsável, referindo, ao Nosso Jornal, que o concerto de Pedro Abrunhosa não se realizou, exactamente, porque o acordo com a agência do artista passava por um “determinado nível de bilheteira que não se verificou”.

Revelando que esteve em Vila Real até segunda-feira à tarde, Flávio Medeiros garante que a sua equipa não “fugiu”, foi sim obrigada a abandonar o recinto por questões de segurança, numa altura em que a situação ficou “muito complicada”, com centenas de pessoas a exigirem de imediato a recuperação do valor dos bilhetes adquiridos, depois de ter sido confirmada a não actuação do cabeça-de-cartaz previsto para o primeiro dia de festival. Foi mesmo pedida a “intervenção da Polícia”, que, segundo o mesmo responsável, não “garantiu as condições mínimas” para a permanência da organização no local.

O director-geral da TopikLink lamentou a “inviabilidade” do projecto que, apesar de “inovador”, não cativou a atenção da população da região e trouxe à empresa “um prejuízo superior a 200 mil euros”. “Como podem falar em burla quando tivemos prejuízo e não roubamos nada a ninguém?”, questiona Flávio Medeiros, negando assim informações que circularam na comunicação social e que deram a entender que “se trataria de um evento menos sério”.

No que diz respeito à restituição de verbas aos envolvidos no festival, a TopikLink esclarece que as pessoas que compraram bilhetes através dos parceiros, nomeadamente na rede de Turismo do Douro, nas lojas Worten e FNAC, no Centro Comercial Dolce Vita e na Internet, através do serviço TicketLine, deverão deslocar-se aos mesmo locais para reaver o valor despendido, enquanto que aquelas que adquiriram as entradas no recinto do Abambres deverão ligar para a sede da empresa (219176849) para que seja encontrada a melhor forma de restituição do dinheiro.

“A verdade é que muita gente está a tentar aproveitar-se da situação”, explicou Flávio Medeiros, revelando que ao contrário do que foi dito, no que diz respeito às concessões, ou seja, valores que foram entregues à empresa por comerciantes que estariam presentes no local, a dívida total não chega a cinco mil euros, tendo sido mesmo publicada no perfil da empresa no Facebook a lista de comerciantes e respectivos montantes que foram pagos à TopikLink.

O director-geral garante que neste momento a empresa está “a arrumar a casa e a analisar exactamente a profundidade dos danos causados”, mas não afasta a possibilidade de, no futuro, recuperar o projecto e fazer um festival de música portuguesa. “Acreditamos no projecto, acreditamos na sua realização no interior do país”, sublinhou, revelando no entanto que uma futura organização deverá “acautelar” certos aspectos que correram menos bem, nomeadamente o facto de terem havido apoios e não patrocínios financeiros, nem mesmo da Câmara Municipal de Vila Real que “se colou” ao evento ao ver o seu “potencial”.

No que diz respeito ao Abambres Sport Clube, que alugou o seu campo de futebol, a empresa refere que vai procurar um entendimento com a direcção. “Somos pessoas de bem, a nossa postura é séria”, defendeu Flávio Medeiros, revelando ainda que tudo será feito para encontrar uma solução.

Por outro lado, o mesmo responsável explicou que a empresa tem material retido no clube, nomeadamente todo o equipamento que foi instalado nos camarins, como ar condicionado, frigoríficos, espelhos, etc. “Quando chegamos ao recinto na sexta-feira os camarins tinham sido saqueados. Vamos ter que apurar responsabilidades”, sublinhou.

A direcção do Abambres SC, que, apesar de ter confirmado que no início desta semana já houve um contacto com a empresa, ainda não descarta a possibilidade de recorrer aos meios judiciais para resolver a situação, tem uma versão diferente do alegado “saqueamento”. “Não foi o clube que tirou nada. Eles abandonaram o recinto e deixaram tudo aberto”, garante Artur Carvalho, vice-presidente do associação vila-realense que, além de lesada no que diz respeito ao montante que deveria receber pelo aluguer das instalações (entre cinco e seis mil euros), ainda reclama o desaparecimento de algum material da enfermaria e de várias bebidas que estariam no bar do clube, dois espaços que estariam a ser utilizados pela organização do evento.

Domingos Madeira Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real, garante que a autarquia “lava as mãos” de qualquer responsabilidade na organização do festival e não saiu lesada no que diz respeito a investimentos financeiros. “O papel da câmara foi apadrinhar o projecto na perspectiva de apoiar o Abambres. Sentimo-nos, como toda a gente se sente, defraudados com esse momento menos positivo para Vila Real e para a região”, explicou.

Reforçando que a autarquia “nunca foi parte activa na organização do festival”, o vereador explica que a “empresa privada apresentou o projecto ao Abambres Sport Clube, que por sua vez solicitou à Câmara a possibilidade de apoiar em algumas questões logísticas”. “O apoio foi para colaborar com o Abambres, um importante agente desportivo para a região. Nunca o faríamos a pedido exclusivamente de uma empresa privada”, garantiu.

Relativamente às informações que foram veiculas em vários órgãos de comunicação social, nomeadamente na RTP, SIC e TVI, e que davam conta da possibilidade do Festival se tratar de uma tentativa de burla, Flávio Medeiros adianta que a empresa está a estudar a possibilidade de avançar com um processo judicial por difamação. “Aceitamos a crítica, não a calúnia! Pode ter a certeza que vamos processar quem nos difamar”, adverte o mesmo responsável.

Apesar de não adiantar o número exacto, a Polícia de Segurança Pública de Vila Real confirmou que foram apresentadas “várias queixas” referentes ao Festival “Querido mês de Agosto”, queixas que já foram remetidas ao Ministério Público.

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