A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Vidago (APEAEV) vai deliberar hoje sobre a possibilidade de avançar com uma providência cautelar contra a fusão daquele agrupamento com o da sede de concelho, em Chaves.
“Esta fusão será o princípio do fim da escola de Vidago”, antevê Cláudia Machado, presidente da APEAEV, associação que, no início do mês, e no seio da sua Assembleia-geral, aprovou uma moção contra a “extinção compulsiva” daquele Agrupamento por despacho do Secretário de Estado da Educação”, datado de 1 de Julho.
Os pais reclamam que a medida foi tomada pelo Governo “sem perguntar, ouvir ou no mínimo, explicar quais os argumentos”, e adiantam, desde logo, o “total desacordo” com as razões enumeradas pelo Director Regional”. “Não vemos como a fusão de agrupamentos, só por si, pode levar à promoção do sucesso educativo, erradicando o abandono. Fundir nestas condições não é racionalizar, mas sim o seu oposto. As oportunidades não serão maiores, a capacidade pedagógica dos estabelecimentos de ensino será diminuída e o projecto educativo nunca poderá ser coerente e equilibrado, tendo em conta a enorme diversidade criada. O número total de alunos e profissionais de educação levará a uma gestão totalmente ineficaz, distante e com uma dimensão completamente desadequada”, consideram os encarregados de educação.
Em causa está a fusão do Agrupamento de Escolas de Vigado ao Júlio Martins, sedeado em Chaves, ou seja, a criação de um “mega agrupamento” cujo director, que terá sob a sua supervisão milhares de alunos, professores e funcionários, “não passará de um chefe administrativo e não irá dirigir nada, nem será a cara de nada”.
“A população depressa sentirá a ausência de uma chefia próxima, conhecedora da realidade local e interveniente em tempo útil, a quem se pode apresentar eventuais problemas e pedir responsabilidades”, antevêem os pais, denunciando ainda que a medida vai contra “aquilo que o ministério da educação defendia há um ano atrás, uma escola pública autónoma e responsável, gerida por um director com poder de decisão e elevada participação de toda a comunidade”.
Cláudia Machado acredita que, a ir avante, a fusão será o “despoletar” de muitos outros problemas, quem sabe mesmo a deslocalização, no futuro, de estudantes, nomeadamente, do período nocturno, para o agrupamento sede, que dista 20 quilómetros de distância da Vila. “Todas as possibilidades ficarão em aberto”, teme a encarregada de educação.
A Associação Pais acredita também que não haverá, por parte de uma direcção centralizada, um conhecimento profundo da realidade social e económica dos cerca de 500 alunos que frequentam a escola de Vidago e questionam “como será a futura participação dos pais e comunidade em geral nos assuntos da escola”.
“Com a deslocação da direcção do Agrupamento para Chaves, o que se pode desde já garantir é uma permanente conflitualidade entre esta escola e a escola sede, visto que para os pais, os próprios funcionários e professores, que sempre foram autónomos, qualquer decisão tomada em Chaves, mesmo que meramente administrativa, vai sempre pecar por defeito ou por excesso. A acusação de que a decisão seria diferente se fosse na sede do concelho vai existir permanentemente”, advertem os representantes dos pais na moção enviada a várias entidades, inclusivamente ao Ministério da Educação.
A APEAEV acredita ter actualmente “um agrupamento com todas as condições para ser autónomo, responsável, humano, familiar, acolhedor e com massa crítica suficiente para concluir com sucesso qualquer desafio”, o que torna ainda mais incompreensível que seja o único, de um total de seis existentes no concelho, que é a obrigado a fundir-se.