A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) determinou a abertura do procedimento de classificação da panificadora de Chaves, um edifício construído em 1963 e projetado pelo artista plástico Nadir Afonso, segundo publicação hoje em Diário da República.
A abertura do procedimento de classificação da panificadora, que resulta de uma proposta da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), garante a salvaguarda do imóvel, pelo que qualquer intervenção no edifício está, a partir de agora, sujeita a parecer prévio da DRCN.
Segundo o DR, este imóvel e os outros localizados na zona geral de proteção (50 metros contados a partir dos seus limites externos) ficam abrangidos pelas disposições legais em vigor.
Este é um primeiro passo no processo de classificação da panificadora.
O processo vai ser, agora, apreciado pelo Conselho Nacional de Cultura, que determinará que tipo de classificação vai ser proposto para aquele espaço.
O edifício tem um único piso, conjuga betão com alvenaria, coberto por abóbadas de metal revestidas por lajes de betão, que se apresentam inclinadas e de perfil curvo. As fachadas são marcadas pela disposição de painéis de vidro no registo superior, o que permite uma ampla iluminação do espaço interior.
Segundo o anúncio do DR, o interessado (proprietário) poderá reclamar ou interpor recurso hierárquico do ato que decide a abertura do procedimento de classificação, nos termos e condições estabelecidas no Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da possibilidade de impugnação contenciosa.
Contactado pela agência Lusa, José Carlos Chaves, um dos proprietários da panificadora, disse desconhecer este procedimento de classificação do imóvel.
O responsável explicou que no espaço ainda é efetuada a venda de pão e salientou os esforços da família em preservar a panificadora.
O edifício tem um projeto congénere em Vila Real, desenhado três anos depois. Os dois imóveis marcam a carreira de Nadir Afonso, por serem os seus últimos projetos de arquitetura.
Em 2020, assinalam-se os 100 anos do nascimento do artista plástico que morreu em 2013.
Há três anos que a Associação Alter Ibi tem sido uma das vozes mais ativas na defesa do edifício da panificadora de Vila Real ou Panreal, como é conhecida localmente.
A associação pediu, na semana passada, a ajuda do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para “salvar” o edifício que diz estar em “risco de demolição” para dar lugar a “um parque de estacionamento de 50 lugares”.
Contactado pela Lusa, o Lidl Portugal disse estar “em processo de aquisição do terreno onde se encontram as ruínas das antigas instalações da panificadora, em estado avançado de degradação”.
“Planeamos, com este empreendimento, renovar a nossa loja existente em Vila Real, dando não só uma melhor experiência de compra aos nossos clientes como melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores. Aguardamos a conclusão do processo de aquisição para poder avançar com datas”, referiu a cadeia de supermercados.
Em 2019, a Câmara de Vila Real decidiu não classificar a panificadora como imóvel de interesse municipal.
Esta decisão foi tomada depois de também a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) ter arquivado o procedimento de classificação para Imóvel de Interesse Público, proposto por um grupo de cidadãos, considerando que o edifício já não reúne características para uma classificação de âmbito nacional.