A tecnologia está em constante mudança e agora vai servir para facilitar a gestão das florestas, graças a uma parceria entre a UTAD e a Quidgest.
A parceria “surgiu de forma muito natural”, começa por dizer João Llorente, da Quidgest, referindo que “detetámos uma oportunidade de negócio no setor da gestão da floresta. Tínhamos a parte da tecnologia, faltava-nos conhecimento detalhado dos temas e é aí que entra a UTAD”.
Do lado da universidade, Hugo Paredes não esconde que a UTAD “tem vindo a procurar passar o seu conhecimento para a indústria, principalmente em áreas em que a universidade é líder, pelo conhecimento que tem vindo a gerar”, daí que “a Quidgest tenha visto na UTAD uma boa parceira”.
“Queremos que o conhecimento saia dos laboratórios e consiga chegar à população em geral”, acrescenta o pró-Reitor para a Transição Digital e Modernização Administrativa, afirmando que “temos de valorizar o nosso conhecimento e fazer parte da valorização das empresas portuguesas. As universidades públicas têm essa obrigação, no fundo, de aproveitar o investimento que é feito nelas e transferi-lo para as empresas, para que possam ser mais competitivas”.
“PREVER O FUTURO”
Com este projeto, “teremos uma espécie de bola de cristal nas mãos”, afirma Hugo Paredes, na medida em que “vamos conseguir trabalhar com base em cenários hipotéticos, que nos dirão o que irá acontecer, que vantagens posso ter daqui a três anos se decidir remover as árvores mais frágeis de um terreno”.
A ideia “é envolver os alunos nesta parceria”, frisa Hugo Paredes, adiantando que o projeto vai contar com a colaboração das áreas da engenharia florestal, dos sistemas de informação, da engenharia informática e da engenharia eletrotécnica e de computadores. E um dia, quem sabe, alguns destes alunos possam fazer parte da Quidgest.
“Uma das grandes dificuldades das empresas de tecnologia é captar quadros de qualidade e com elevado nível de formação”, daí que “uma das ideias é mesmo essa, conseguir que alguns dos alunos possam vir a integrar a Quidgest”, confessa João Llorente.
Sobre o projeto, que visa a criação de digital twins de floresta, João Llorente explica que “o digital forest twin vai recolher dados relativos aos nutrientes, à humidade do solo, à humidade da atmosfera, à intensidade luminosa e à presença de micropartículas (fumos) através de um conjunto de tecnologias que irão recolher imagens terrestres e áreas”.
A solução técnica proposta pela UTAD para a monitorização da floresta com dimensões de milhares de hectares é algo verdadeiramente inovador. “Sem entrar em detalhes, passa pela utilização de uma miniescavadora autónoma, que transporta sensores de dados, e de um drone autónomo, que recolhe imagens aéreas. Esta abordagem permite conhecer e acompanhar o desenvolvimento da floresta com uma definição e eficiência impossível até agora”, explica.
“Estamos numa fase inicial de conceção da tecnologia e da construção da proposta de valor. Do lado da Quidgest, temos o conhecimento de mais de 30 anos na conceção rápida de sistemas de gestão através de modelação e inteligência artificial, bem como da sua comercialização. Do lado da UTAD, temos pessoas muito conhecedoras do hardware que irá captar os dados e conhecedoras do desenvolvimento sustentável da floresta. É, certamente, uma parceria de sucesso” refere João Llorente, que conta ter um produto “minimamente viável em setembro deste ano”.
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