Como é sabido, a participação do S. C. de Vila Real, no Campeonato Nacional de Futebol da III Divisão, não tem sido positiva. Quatro treinadores numa só temporada e o seu antepenúltimo lugar na tabela classificativa são realidades pouco habituais num clube com pergaminhos, no futebol nacional. A agremiação corre sérios riscos de baixar ao Campeonato Distrital de Vila Real. Porém, a esperança é a última coisa a morrer e a vitória, fora de portas, diante do Aliados de Lordelo, veio trazer novo alento, para conseguir atingir o principal objectivo da época.
Mas nem tudo é mau, na vida do clube. A sua equipa de Juniores sagrou-se Campeã Distrital e, para a próxima época, vai participar no Campeonato Nacional da II Divisão. Por outro lado, a situação financeira do clube está a melhorar. A Direcção garante que o passivo já foi reduzido, em cerca de 150 mil euros, estando confiante de que, já durante a temporada 2007/08, o défice seja nulo.
Preparação tardia e más arbitragens na base da situação classificativa
Alguns destes dados do clube foram revelados, ao Nosso Jornal, pelo Presidente da Comissão Administrativa, Artur Ribeiro, que, em primeiro lugar, abordou a época desportiva em curso e explicou o facto de o clube ter quatro treinadores, esta temporada.
“Isto acontece, como nos outros clubes. De início, era nossa intenção começar a época e acabá-la com o mesmo técnico. Mas, a meio da temporada, os sócios começaram a contestar o Prof. Luís Pimentel. Todos os domingos, havia problemas nos jogos e achámos que seria a altura de mudar. Alterou-se, optou-se pelo Maki, as coisas, em termos pessoais e de trabalho, correram bem, nunca tivemos a oposição dos sócios. Porém, os resultados, infelizmente, não apareceram e o Maki colocou o lugar à disposição e foi aceite a rescisão. Pensámos que seria o Carlos Libório a dar o pontapé na crise, o que, realmente, aconteceu. Só que, numa reunião, outros dirigentes propuseram que era melhor fazer mais um esforço, para conseguirmos a manutenção, pelo que contratámos um novo técnico, Zeca Lopes. A minha vontade era continuar com o Carlos Libório, mas nós somos cinco e decidimos em conjunto e não só por um. A maioria entendeu trazer um outro treinador e isso foi aceite. O Carlos Libório vai ficar ligado ao clube, como Adjunto, a não ser que decida rescindir”.
Outra das razões avançadas pelo dirigente foi o início tardio da preparação da equipa e as arbitragens: “Com efeito, a época foi mal preparada. Começámos uma semana antes do Campeonato e não conseguimos as contratações que desejávamos, porque o factor financeiro contou. Se tudo fosse preparado com tempo, não estaríamos nesta aflição. Tivemos três ou quatro arbitragens más que nos prejudicaram bastante, como foi a que esteve presente no jogo com ao Ataense”.
Custos com Zeca Lopes só se o clube ficar na 3.ª Divisão
Artur Ribeiro adiantou, também, alguns pormenores relativos à vinda de Zeca Lopes, para o Vila Real, projectando a parte final da competição:
“A opção por Zeca Lopes pretende ser a última tábua de salvação. A sua contratação aparece por indicação dos dirigentes e de pessoas da Lixa que fizeram tudo, para nos ajudar. Os custos para o Vila Real também só se tornarão reais se o clube ficar na III Divisão, já que consiste num prémio monetário, para o Treinador e Adjunto Joaquim que veio com Zeca Lopes. Temos nove finais. Destas, temos de ganhar seis. Vamos ter três jogos difíceis. Recebemos o Leça, vamos a Amarante e temos, no Monte da Forca, o líder Tirsense. Mas como a nossa equipa costuma actuar melhor com os conjuntos mais bem classificados, estou esperançado em que, nestes três jogos, o clube angarie vários pontos, pelo menos duas vitórias. O plantel está coeso e, no domingo, deram uma boa resposta”.
Confrontado se estava contente com a prestação dos “reforços de Inverno”, o dirigente manifestou a sua satisfação.
“Corresponderam. Não temos qualquer queixa dos jogadores, antes pelo contrário”.
Na próxima época, o clube estará governável
Artur Ribeiro focou um outro aspecto importante do actual momento do S.C de Vila Real, ou seja: a sua situação financeira.
“Já pagámos muito de contas anteriores, reduzimos o passivo do clube em cerca de 150 mil euros, quando, no início da época, tínhamos à volta 650 mil euros de déficite. Eu penso que tudo se estará a equilibrar e, se continuarmos com esta política de rigor e de contenção, na próxima época, o clube estará governável. Aliás, nós tínhamos dinheiro bastante, para esta época. O problema é que tivemos de pagar contas anteriores. Logo de início, pagámos trinta mil euros, para inscrição, multas, Finanças, Segurança Social, Associação de Futebol, tudo isto nos retirou alguma margem de manobra financeira, para esta época. Os orçamentos que projectámos para a época foram entre os quarenta a cinquenta mil contos e é o que está a ser cumprido”.
O passivo do clube anda à volta dos 45 mil contos. O clube tem cerca de mil sócios activos, pagantes. O dirigente lembra que “o Vila Real está nesta situação financeira, devido a gestões desastrosas, porque se pagavam ordenados de quatrocentos e quinhentos contos a jogadores, o que o Vila Real não comportava” – disse.
Embora reconhecendo que “os tempos também eram outros” e que “comparar as situações é um bocado complicado”, Artur Ribeiro acrescenta que “há dois anos, estivemos quase a subir e havia sete meses de ordenados em atraso”. Em relação aos pagamentos aos jogadores, Artur Ribeiro confessou que “têm dois meses em atraso”, embora “em relação a alguns jogadores, isso não acontece, pois há dinheiros adiantados”. Contudo e segundo a versão do dirigente, “ainda durante esta semana vai ser pago um mês”, e, “brevemente, irá acertar-se o restante”.
Muitos sucessos,
nos escalões jovens
Se os Seniores andam “em baixo”, os juniores e o futebol jovem do S. C. de Vila Real estão “na mó de cima”, como fez questão de salientar este dirigente.
“Temos os Juniores no Nacional, os Juvenis estão com hipóteses de subir, temos o futebol feminino, com o qual o Vila Real, pela primeira vez, ficou em segundo lugar e, agora, vamos para a Taça. Este ano, temos mais do dobro de jovens a praticar futebol, no clube. Só em Bambis, existem cerca de duzentos”.
Artur Ribeiro referiu, ainda, o apoio da Câmara Municipal de Vila Real: “Em relação à autarquia, esta ajuda-nos com verbas só para as Camadas Jovens. Os Seniores não são subsidiados pela autarquia”, anunciando que “em breve, vai realizar-se um jantar, no qual será lançado um volume sobre a história do clube, da autoria de Joaquim Barreira“.
“Se o clube descer ao
Campeonato Distrital, não haverá mal nenhum”
Por fim, questionámos o Presidente da Comissão Administrativa do S. C. Vila Real, sobre uma hipótese que pode ser real. A descida de divisão.
“Se o clube descer ao Campeonato Distrital, não haverá mal nenhum. A nossa intenção, deixada já no início da época, seria normalizar as finanças do clube. Se aliarmos a manutenção na 3.ª Divisão, será bom. Porém, se não o, conseguirmos, não vejo mal nenhum, pelo contrário, ainda vai unir mais a massa associativa ao clube. Com esse cenário, iremos começar a trabalhar, de novo, no sentido de regressarmos, de imediato, à 3ª Divisão, provavelmente de forma mais forte e consistente. O aspecto principal é, indiscutivelmente, a estabilidade financeira”.
Este responsável traçou já o que poderá ser o plantel, na próxima época: “Se descermos ao Campeonato Distrital, a aposta nos valores da terra é para manter. A percentagem de jogadores de fora de Vila Real nunca irá ultrapassar os vinte por cento. O máximo de quatro jogadores de fora, e, apenas, se isso se justificar”.
A Comissão Administrativa do S. C de Vila Real vai continuar em funções até ao fim da época. “A nossa intenção, mesmo que o clube desça, será continuar e colocar o clube, novamente, na 3.ª Divisão. Não vamos abandonar o barco” – palavra de Artur Ribeiro.
José Manuel Cardoso