A extinção da Casa do Douro e a criação, por decreto, de uma associação privada, de inscrição voluntária, dominou o debate muito participativo por parte da plateia, onde estavam dirigentes associativos, lavradores e população da região. Sob o Lema Defender o Douro e os Vitivinicultores Durienses, a sessão teve várias intervenções, nomeadamente do deputado João Ramos (PCP). Jerónimo de Sousa, com a lição estudada, incidiu as suas críticas sobre alguns políticos do passado, mas transformando o atual Governo no bombo da festa. “A extinção da Casa do Douro e a criação, por decreto, de uma associação privada, de inscrição voluntária (a trapalhada dificilmente poderia ser maior!) pretendem deitar por terra o último obstáculo que se opõe a que cinco grandes grupos vitivinícolas e meia dúzia de grandes proprietários do Douro possam deixar completamente desprotegidos 35 000 a 40 000 pequenos viticultores durienses. O que está em causa com este diploma é finalizar o «trabalho» que sucessivos Governos do PSD, do PS e do CDS iniciaram há décadas, já em 86, com o então Primeiro-ministro Cavaco Silva, ou com a legislação de 1995, que criou a Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro, também por um Governo PSD/Cavaco Silva, ou com a legislação de 2003, do Governo PSD/CDS/Durão Barroso/Paulo Portas, que reformulou essa Comissão. Talvez alguns se recordem das palavras do então deputado e líder do PSD, na oposição, Durão Barroso, no dia 13 de dezembro de 2000, com uma manifestação de viticultores durienses à porta da Assembleia da República. Num discurso inflamado, o deputado Durão Barroso opunha-se à aplicação que estava a ser feita pelo Governo PS da legislação que o Governo PSD/Cavaco Silva tinha aprovado”.
Aplaudido pelos presente e até elogiado pelo atual presidente da Casa do Douro, Manuel António dos Santos, Jerónimo de Sousa recordou o estudo pedido pelo Governo e os salários em atraso na Casa do Douro. “A Ministra da Agricultura solicitou um parecer aos municípios durienses por via da CIM (Comunidade Intermunicipal do Douro) sobre a situação no Douro. A CIM fez o seu trabalho, mas como não agradava ao Governo, arquivou-o em sítio bem fundo para não se lembrar mais dele”.
Das medidas defendidas algumas apontam para: o cumprimento dos investimentos públicos numa perspetiva de desenvolvimento integrado, centrado na principal riqueza desta região (47.000 hectares de vinha) – os seus excelentes vinhos – e na melhoria das condições de vida e de trabalho dos seus habitantes; Por uma reforma institucional da Região Demarcada do Douro que inclua a ajuda ao saneamento financeiro das Adegas Cooperativas; Que o Governo entregue à região o que lhe retirou: a possibilidade de tomar iniciativas e meios indispensáveis de desenvolvimento da região; E por uma Casa do Douro com competências e atribuições recuperadas (designadamente o cadastro), eleita diretamente pelos viticultores, saneada económica e financeiramente.