Pêquêpê foi um dos pilotos mais talentosos que passou por Vila Real, circuito onde talvez tenha tido algumas das suas melhores prestações.
Filho de um industrial do cimento, Pedro Queiroz Pereira (ou apenas Pêquêpê) mudou-se para o Brasil depois da revolução de 74, devido à onda de nacionalizações, onde iniciou a sua carreira no automobilismo. Para a história fica uma prova de Stock Car, onde corajosamente apostou em pneus slicks numa pista ainda molhada de onde saiu vitorioso, provocando espanto num tal de Ayrton Senna que na altura era comentador da prova. Depois da vitória, os dois encontraram-se e criaram as bases para uma amizade que faria de Portugal a segunda casa do mítico piloto brasileiro. Mas a carreira de Pêquêpê não se limita a amizade com Senna. O seu talento era muito maior que isso, algo comprovado pelos campeonatos conquistados em 87 e 88 no Grupo Turismo, anos que coincidiram com a chegada dos BMW M3 para Jorge Petiz e o próprio Pêquêpê, que já tinha participado na prova do Europeu de Turismo no Estoril em 87 (repetiu a presença em 88), tendo abandonado em 4º lugar. Antes disso já tinha participado em ralis nacionais, tendo vencido em 1980 à classe no Rally de Portugal (2º dos pilotos nacionais), assim como o rali das Camélias à classe em 84, com um Opel Kadett GT/E.
Era um empresário de sucesso, um dos mais bem-sucedidos do país, algo que certamente transportou das pistas para os negócios. Para além do seu talento, era um metódico que dava ênfase a todos os pormenores, faceta que se evidenciava nos troféus monomarca, onde conseguia ter sempre máquinas mais afinadas, fruto de um trabalho e dedicação intensos, cujos frutos foram inevitavelmente vitórias.
Pêquêpê deixou-nos em 2018, mas o seu nome será sempre lembrado no panorama do desporto motorizado nacional.