Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Pessimismo e apreensão pairam sobre o IC26

Com a realização de projectos de requalificação e beneficiação das estradas que ligam Amarante à Régua, as forças vivas da região estão descrentes relativamente à concretização da prometida via de comunicação. O projecto do Itinerário Complementar, cuja construção deveria ter começado já este ano, tem previsto um orçamento de 80 milhões de euros e uma extensão de 35 quilómetros.

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A Câmara Municipal de Mesão Frio vai reunir hoje com o Governo Civil de Vila Real e com a empresa Estradas de Portugal (EP) para discutir a construção do Itinerário Complementar (IC) número 26, uma obra considerada como “imprescindível” para a região mas cuja construção, apesar de prevista no Plano Nacional Rodoviário e de ter sido alvo de várias promessas do Governo, está a suscitar dúvidas.

Segundo esclarecimento de uma fonte do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC), “para o lanço Amarante/Mesão Frio, há um projecto de execução aprovado que define a beneficiação e requalificação da Estrada Nacional (EN) 101”, tendo sido ainda decidido, relativamente “ao lanço Mesão Frio/Régua, a execução de um estudo prévio que irá avaliar as duas possibilidades: ou construir estrada nova ou requalificar a EN 108”. Uma decisão que, segundo a mesma fonte, cabe ao “Ministério do Ambiente, em sede do Estudo de Impacte Ambiental”.

“Para o lanço entre Amarante e Mesão Frio está em curso um projecto de beneficiação e requalificação da EN101 para a velocidade base de 60 km/h, com pequenas variantes junto aos aglomerados urbanos. Este estudo, que já obteve aprovação das várias entidades envolvidas, estará concluído no final do primeiro trimestre de 2010. Para o lanço entre Mesão Frio e Régua, que se desenvolve em pleno Alto Douro Vinhateiro, está a ser analisada a possibilidade da requalificação paisagística da EN108, associada eventualmente a pequenas variantes”, esclarece ainda o MOPTC.

Apesar do Ministério esclarecer que “o Governo considera a concretização do IC26 como determinante e imprescindível para a promoção da coesão territorial, para o desenvolvimento económico e para o aumento da competitividade de toda a região do Vale do Douro”, a sua concretização começa a ganhar fortes dúvidas entre autarcas e responsáveis de várias entidades durienses.

Alberto Pereira, presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, garantiu, ao Nosso Jornal, que hoje levará a questão ao Governador Civil e a EP, no entanto, revelou que a via de comunicação “é cada vez mais uma miragem”.

“Antes de mais, é urgente garantir uma ligação a Amarante”, referiu o autarca, adiantando que o município só aceitará a espera pelo IC26 caso se concretize a beneficiação e requalificação da EN101.

Também Manuel Gouveia, presidente da Associação Comercial da Régua, Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião, se mostra “muito pessimista” relativamente à concretização da via, recordando que o IC26 foi apresentado como uma garantia depois do Governo ter optado pelo actual traçado da Auto-estrada quatro, em vez da hipótese que esteve em discussão e que “melhor serviria” a região duriense, dispensando assim o IC.

“A requalificação das estradas nacionais não é suficiente, para além de continuarmos a lutar pela concretização do IC26, exigimos, pelo menos, a rectificação do traçado da EN 108”, defendeu o dirigente associativo.

António José Teixeira, presidente da Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes, também demonstrou, ao Nosso Jornal, “muita apreensão” sobre o futuro do IC26, considerando que adiar a sua construção é, “mais uma vez, adiar a solução, perder tempo” no processo de desenvolvimento da região.

“A construção do IC vai permitir a aproximação do Douro a um pólo muito importante de incomming para o turismo da região, o aeroporto do Porto, o mais importante centro de angariação de turistas da região Norte”, defendeu o mesmo responsável, lamentando que não se pense tanto nas “agressões ambientais” quando outros projectos, como os grandes parques eólicos, mancham a paisagem duriense e se protele um desígnio tão importante, como o IC26, utilizando-se o ambiente como desculpa.

Também António Martinho, presidente da Entidade Regional de Turismo do Douro (ERTD), considera a via de comunicação imprescindível para o desenvolvimento económico do Douro no geral, e do turismo em particular, isso para além de “garantia de um acesso com mais segurança e comodidade” à região.

“Não aceito que urbanos de Lisboa e do Porto impeçam que esta estrada se faça”, sublinhou o presidente da ERTD, frisando a importância de uma via que, tendo em conta também o troço de ligação até ao Itinerário Principal (IP) 2, junto a Trancoso, vai servir de “dupla porta de entrada para o Douro”.

António Martinho defende como fundamental que se mantenham as características previstas no PNR, um documento que, apresentado em Abril de 2006, refere-se ao IC26 como “a ligação entre os principias corredores da região (IP4, IP3 e IP2)”. Numa extensão de 35 quilómetros o plano previa o início da obra para Agosto deste ano e o final para meados de 2011, e um investimento total de 80 milhões de euros.

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