Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2024
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Produção no Douro pode aumentar mais de 20 por cento

Este ano, tudo aponta para que a produção de vinho na Região Demarcada do Douro registe uma subida significativa. Embora ainda estejamos a cerca de dois meses do início das vindimas, já começam a aparecer indicadores importantes que poderão confirmar uma boa colheita quer a nível quantitativo, quer qualitativo. As expectativas mais optimistas apontam mesmo para um aumento de 20 por cento em relação a 2009.

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As projecções mais cautelosas não arriscam números, mas também apontam para um crescimento. Além da próxima vindima, a atribuição do benefício é um outro assunto de interesse para o sector, que está a despertar as atenções gerais. O Nosso Jornal antecipa aquilo que os viticultores da Região Demarcada podem esperar em termos de colheita, sabendo-se que tudo está dependente das condições meteorológicas que poderão decorrer até à vindima. Porém, alguns agentes do sector apontam para um acréscimo de cerca de 40 mil pipas, ou seja, a produção poderá chegar às 260 mil.

O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IVDP, segue atentamente o ciclo anual da vinha e do vinho na Região Demarcada do Douro e o seu presidente, Luciano Vilhena, mostrou satisfação pela possibilidade de uma boa colheita no Douro. “Esperamos uma produção maior que a do ano passado. Calculo que pode aumentar cerca de 20 por cento em relação ao ano anterior. Isto, de facto, é apenas um indicador, não se sabe como irão decorrer as condições meteorológicas, há sempre a possibilidade de ocorrerem trovoadas, mas vamos aguardar até à vindima. Contudo, há uma boa perspectiva em termos de quantidade e de qualidade. As vinhas estão sãs e tudo concorre para um boa colheita”. Todavia, este responsável notou que este aumento pode não ser tão sensível em algumas zonas. “Em alguns concelhos do Douro Superior, nomeadamente, em Vila Nova de Foz Côa, Moncorvo, Meda, Freixo de Espada à Cinta e Vila Flor, logo no início, as vinhas foram afectadas pela formação de geada e poderá haver algumas perdas”.

Luciano Vilhena lançou números que se esperam para a próxima vindima, embora estes dados não sejam oficiais e têm um carácter provisório. “Podemos passar de uma produção de 220 mil pipas para as 260 mil, mas esta é uma primeira análise de um conjunto de indicadores”. Questionámos este responsável sobre se este aumento de produção poderá ser benéfico para o sector, que nos respondeu afirmativamente. “Se as uvas forem boas, claro que isso é bom para o sector, mas é preponderante saber o que se vai fazer com elas. É necessário verificar que quantidades são necessárias para se fazer o vinho do Porto, o vinho do Douro e o vinho de Mesa. Depois, é preciso saber vender”. Luciano Vilhena deixou ainda um lamento. “O Conselho Interprofissional do IVDP deveria estar representado na produção. Estamos neste impasse porque a Casa do Douro não indicou os conselheiros, o que é uma pena. Assim, os interesses da produção podem ficar desprotegidos”.

A União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro, UNIDOURO, também tem uma expectativa positiva sobre a colheita deste ano, conforme nos confirmou o seu presidente, José Manuel Santos, embora deixando algumas reticências no ar. “Fala-se num aumento com algum significado. Mas, não podemos valorizar muito este pormenor, pois ainda é cedo para ter certezas. Mesmo assim, devemos andar nos vinte por cento de aumento de produção, mas ainda falta algum tempo até à vindima”.

Em relação ao impacto desta boa produção na área comercial, José Manuel Santos considerou benéfica. “É bom porque há a hipótese de repor stocks, há uma maior escolha das uvas, aliás um aumento nunca foi negativo. No entanto, é necessário que as cooperativas tenham alguma prudência e algum trabalho na sua reorganização comercial”.

O dirigente cooperativo abordou ainda a questão da atribuição do benefício. “Devemos esperar uma subida ligeira na atribuição do benefício global na região. Há um aumento na exportação do vinho do Porto, consequentemente uma subida do preço e uma diminuição dos stocks, tudo isto deverá contribuir para que este ano as coisas melhorem significativamente”. Este responsável voltou a salientar um facto que já tinha sido referenciado por Luciano Vilhena. “Infelizmente não temos a produção representada no Conselho Interprofissional do IVDP, não temos voz, estamos entregues aos exportadores, que defendem sempre os seus interesses”.

Em relação às previsões, a Associação de Exportadores de Vinho do Porto, AEVP, é muito mais reservada, conforme nos confirmou Isabel Marrana. “Ainda é muito cedo para falarmos neste aspecto. No entanto, temos a expectativa que além de uma vindima em quantidade, ela será também de qualidade. Para nós, o dado quantitativo é o que nos interessa mais, no entanto, como a Região Demarcada do Douro está a produzir em quantidade suficiente para a comercialização do vinho do Porto, o que agora estamos a acompanhar é a qualidade das uvas. Quanto ao benefício, ainda é muito cedo dar uma opinião. Vamos ter algumas reuniões com IVDP, com os nossos associados e depois abordaremos este assunto”.

A previsão de um aumento de colheita é já manifesta em alguns concelhos, nomeadamente, em Santa Marta de Penaguião, Régua, Mesão Frio, Sabrosa, Alijó e Murça. No concelho de Vila Real, em algumas freguesias pertencentes à Região Demarcada do Douro, como, Abaças, Ermida, Guiães e Folhadela, onde as vinhas apresentam indícios para uma boa produção. O presidente da Adega Cooperativa de Vila Real, Jaime Borges, confirmou, ao Nosso Jornal, que “a nascença é boa” e se tudo correr normalmente, a nível meteorológico, a colheita pode ser maior em 2010. “Mas, para já, ainda é cedo para deitar os foguetes antes da festa, vamos aguardar”.

Refira-se que, na vindima 2009, a Região Demarcada do Douro foi beneficiada com 110.000 pipas de vinho do Porto, menos 13.500 que no ano anterior.

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