Domingo, 12 de Janeiro de 2025
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Protecção Civil Distrital mobiliza 800 homens e 330 viaturas

O distrito de Vila Real tem sido assolado por um conjunto de fenómenos meteorológicos invulgares que tem posto à prova a eficácia dos meios de Protecção Civil. Não há memória da ocorrência de quatro nevões em menos de um mês, nomeadamente na zona Sul do distrito. Aldeias isoladas e vias rodoviárias interditas ao tráfego automóvel têm sido as consequências mais comuns. No terreno, oitocentos homens e 330 viaturas têm sido mobilizados em tarefas de Protecção Civil. Para esta semana, nova intempérie se avizinha e o alerta laranja poderá ser mesmo accionado.

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O Nosso Jornal falou com o Comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Vila Real, Carlos Silva, que nos fez o ponto da situação, em termos de operacionalidade e articulação de meios, na sua área de competência. As incidências do último grande nevão dominaram esta abordagem. “No distrito caiu neve, como já não se via há muitos anos, e afectou muitas vias e localidades em todo o território. Perante esse cenário, houve momentos em que os meios que tínhamos estavam todos hipotecados e, mesmo assim, não chegavam para as encomendas, porque havia muitas vias intransitáveis. Mesmo assim, ao fim de algumas horas, foi possível remover com segurança todas as viaturas que ficaram retidas nas principais vias que começaram a ficar transitáveis”.

Segundo Carlos Silva, agora os concessionários das Auto-estradas e Itinerários Principais do distrito disponibilizam um conjunto de equipamentos que não tinham até ao primeiro nevão. “Em 2006, tínhamos apenas um limpa-neve das Estradas de Portugal para todo o distrito, naturalmente por força da importância que tinha o IP4 e a travessia do Alto de Espinho, zona mais alta do território, e que era sempre afectada por nevões. Hoje, no distrito existem oito limpa-neves. Houve um acréscimo significativo de meios para fazer face a este problema”. Neste momento, a concessionária da A24, a Operscut, tem 4 veículos limpa-neve, a concessionária da A7, a AENOR, tem um e as Estradas de Portugal passou a disponibilizar o que tinha para as estradas nacionais que eram vias sem nenhum limpa-neve. A nova concessionária, que está agora a gerir o IP4, também disponibilizou um limpa-neve para esta zona do distrito de Vila Real ao qual se junta, quando necessário, um outro adaptado a uma viatura de bombeiros da Cruz Branca.

“No último grande nevão, o distrito de Vila Real foi o mais afectado, mas a resposta foi pronta por parte da Protecção Civil. “No próprio dia do nevão, as vias ficaram todas transitáveis e passou a circular-se com alguma segurança. Houve um problema de bloqueamento no IP4, na zona do Pópulo – Alijó com um camião que ficou atravessado na via e impediu a circulação. Como estava muito gelo, foi difícil remover o camião. Mas, para as pessoas que estiveram muito tempo retidas, distribuímos alimentos e bebidas”, sublinhou o comandante do CDOS.

Esta situação reteve a população que criticou a actuação dos meios de socorro. Carlos Silva respondeu que as pessoas “têm que perceber que o distrito estava completamente afectado. Obviamente, iria demorar algum tempo a desbloquear toda a situação, apesar dos meios estarem todos no terreno”. Este responsável focou um ponto importante no que respeita às competências no ‘teatro de operações’. “Num primeiro momento, esta foi uma situação que não era da competência da Protecção Civil, mas sim da trafegabilidade da via. Só passa a ser um problema de protecção civil quando há algum grau de privação dos movimentos das pessoas e possa haver perigo do ponto de vista da segurança. Por vezes há alguma confusão entre o que é Protecção Civil e o que é a circunstância da trafegabilidade. Mas, também, é perfeitamente natural porque a fronteira é muito ténue, entre uma coisa e outra”.

“No último grande nevão, em meados de Janeiro, o Governador Civil entendeu, e muito bem, a partir do momento em que o fenómeno foi extensivo praticamente a todo o distrito, accionar a Comissão Distrital de Segurança Rodoviária para fazer face ao problema”.

Carlos Silva enalteceu todo o trabalho conjunto dos vários agentes envolvidos. Nomeadamente, bombeiros, GNR, exército, equipas dos sapadores florestais, INEM, Grupo de Intervenção e Prevenção e Socorro da GNR, GIPS, e câmaras municipais que, na sua opinião, “têm dado o seu contributo de uma forma positiva e articulada”.

Do ponto de vista operacional, o CDOS é uma estrutura mínima com poucas pessoas, como explicou Carlos Silva. “Sou eu e o meu segundo-comandante, Almor Salvador, e apenas temos funções de comando no ‘teatro de operações’. Recepcionamos todos os pedidos de socorro e temos de disponibilizar os meios dos distintos agentes que concorrem para a Protecção Civil. Ou seja, somos apenas um elo de coordenação”.

Numa breve resenha do que foi o último ano em termos de Protecção Civil no distrito, o mesmo dirigente assegurou que “foi muito positivo”. Em geral, “correu bem”, e se nos reportamos apenas a 2008 a nível de riscos, elegemos o risco de incêndio florestal como o principal. “Foi o ano em que tivemos menos áreas ardidas e menor número de incêndios. Nos últimos 5 anos, tivemos uma média de área ardida de 11 400 hectares e, em 2008 tivemos 1400 hectares. É uma redução muito significativa. No número de ignições existe uma média, por ano, de 1600 e, em 2008 houve apenas 960. Mas, se compararmos só os últimos 3 anos, 2006, 2007 e 2008, há uma redução do número de ignições de menos 240, a que corresponde menos 62 por cento de área ardida, ou seja tivemos menos 2340 relativamente à média dos últimos 3 anos. O ano de 2008 foi positivo para a Protecção Civil distrital”, conclui.

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